Ciceroneando

 

 

Desenho: Bárbara Damas

 

Uma orquestração de coisas rege todos os instantes. E tudo vai se moldando aos dias, erguendo cenários, tingindo com tons difusos cada lugar que se acredita possível. Mas a força maior talvez esteja naquilo que não conseguimos vislumbrar de imediato, ao que corre paralelo à passagem meramente visível do tempo e das situações. Enxergar nos ambientes menos usuais não é privilégio apenas de quem produz arte sob suas mais variadas formas. O leitor de diversos suportes possui a capacidade de intentar janelas de observação e, com isso, interagir com as obras. Não se trata de um comportamento apenas passivo, como quem olha e internaliza sentidos, mas sim o de alguém que efetivamente pode ser ator do processo. Em lugar de guardar o produto de seus olhares nos recônditos mais íntimos de sua individualidade, o amante das artes também se torna um criador na medida em que desenvolve mecanismos próprios de interpretação e, quiçá, certa dose de intervenção. No entanto, a obra é aberta, mas não escancarada, já disse alguém. O receptor tem a faculdade de redimensionar palavras ou imagens segundo, bem sabemos, suas expectativas e repertório pessoais. Por outro lado, é também interessante perceber o quanto de cumplicidade se opera entre criadores e leitores quando do ambiente de aproximações gerados pela leitura. E é comungando desse pensamento que as aparições poéticas de autores como Virgínia do Carmo, Demetrios Galvão, Stefanni Marion, Fabiana Turci e Ronaldo Cagiano geram espaços de um especial compartilhar lírico.  Assim também o é com os contos de Andréia Carvalho, Jacques Fux e Yara Camillo, todos eles a trafegar intensamente pelas vias de nossas humanas idades. O escritor Sérgio Tavares nos convida à leitura do belo e denso “Carta a D.”, romance de André Gorz. Nosso sabatinado da vez é o poeta Heitor Brasileiro Filho, que além de falar sobre seu novo livro, reflete sobre valiosas questões do universo literário. As escutas de Larissa Mendes apontam para o disco de estreia de Clarice Falcão. No caderno de teatro, Augusto Cavalcanti presta um singelo tributo ao dramaturgo Nelson Rodrigues. O filme dinamarquês “A Caça” é tema das percepções de Guilherme Preger. Entre os verbos desta edição, reinam delicados e sublimes os desenhos de Bárbara Damas, devidamente apresentados pelos olhares de Carla Diacov. É a você, caro leitor, a quem destinamos esses novos percursos. Boas leituras!

 

Os Leveiros

 

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