Ciceroneando

 

Ricardo Laf

Foto: Ricardo Laf

 

A todo o tempo, flertamos com histórias possíveis. São relatos impregnados do algo real, dum processar de cenários atravessados. Quiçá nosso antigo hábito remonte à memória, esse casulo de ressonâncias vividas e também inventadas. Haveria uma linha a dividir realidade e invenção? Ou será que ambas vertentes não estariam mescladas naturalmente? De todo modo, é muito difícil criar algo de caráter ficcional sem trazer à baila referências que nos constituem em vida. Seria então impossível um deslocamento absoluto daquilo que somos se o intuito é criar outra dimensão a ser apresentada? Quanto mais aprofundamos a questão, as interrogações parecem se multiplicar. Mas é salutar não ter respostas para tudo, principalmente quando o tema é conceber aquilo que se materializa pelo lume do nosso olhar. Quem cria naturalmente estabelece filtros de acordo com suas vivências. Pressupõe-se algo inalienável. Do contrário, pareceria estranho estar fora de tudo e, desse modo, aceitar uma presença criativa de algo que está além de nós e que, ao menos nos domínios mais plausíveis, não nos pertence como referência direta e tangível. E não está aqui a se falar na capacidade de transcendência, recurso de muitos criadores, mas da assunção de energias meramente geradas ao acaso. Talvez a melhor resposta esteja na manutenção da dúvida. Daí, cada autor fica responsável por conduzir métodos que nos ofertem resultados a serem apreciados em forma e conteúdo. E assim vai girando a roda viva das produções em matéria de arte e literatura. Repercutindo identificações e sugestões, desfilamos agora através dos versos de Cazzo Fontoura, Carol de Bonis, Leandro Rodrigues, Israel Azevedo e Lelita Oliveira Benoit. Apresentando suas impressões sobre o romance de estreia de Maurício de Almeida, “A instrução da noite”, Rafael Gallo edifica algumas atentas linhas. Clarissa Macedo entrevista o poeta piauiense Nathan Sousa. Recortes de vida entremeiam as narrativas de autores como Cinthia Kriemler, Thiago Mourão e Natalia Borges Polesso. Descortinando paisagens urbanas, o fotógrafo Ricardo Laf expõe um variado painel de seu trabalho. Ainda a descoberta do novo disco do poeta, cantor e compositor Sylvio Fraga. Em mais uma sugestão de leitura, Sérgio Tavares aponta para “Julho é um bom mês pra morrer”, livro de Reinaldo Azevedo. Na sua cinéfila resenha, Bolívar Landi escreve sobre a delicada temática presente no filme “O Quarto de Jack”. E assim ergue-se uma nova edição da Diversos Afins, com outros caminhos a serem atravessados. Seja bem-vindo à 108ª Leva, caro leitor!

Os Leveiros

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1 comentário

  1. Aplausos!!!

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