Ciceroneando

 

Suzana Latini

Foto: Suzana Latini

 

 

Diante das várias formas de se ler o mundo, ficamos cientes de que dispomos de alternativas válidas de reflexão. Podemos optar por nos posicionarmos em relação a uma série de situações e temáticas, elegendo um norte a seguir. Ou simplesmente temos também a possibilidade de quedarmos mudos e impassíveis. Não é difícil concluir porque a arte, sob suas mais difusas acepções, prefere aqueles que se posicionam diante da vida. Seja criador ou não, quem se envolve com as vias sugeridas pela ambientação artística jamais vive as coisas impunemente, ou melhor, passivamente. Há posicionamento por parte de quem escolhe uma linha criativa e a conduz adiante. Por seu curso, há também posicionamento quando alguém consome o produto da criação de um determinado autor. Mesmo estando em perspectivas um tanto diferentes, emissores e receptores dos conteúdos transitam por um solo comum de expectativas e arremates. É claro que as identificações podem não ocorrer de imediato, fazendo com que aproximações de pontos de vista necessitem de certo tempo de maturação, construindo um ritual de tácitas negociações. Esse intervalo de reconhecimento pode tanto revelar semelhanças de comportamento quanto rechaçar ideias sugeridas. Em que medida, por exemplo, quem escreve negocia com quem lê? Há limites para que surjam concessões mútuas? Tais questionamentos são pertinentes quando se pretende entender que tipo de relação atravessa autores e leitores. Muito se defende que um escritor produz para si mesmo para, em última e desinteressada instância, verificar se aquilo atinge seu público de algum modo. E talvez seja esta última uma checagem que nada tenha a ver com satisfação por um mero reconhecimento, mas sim pelo fato de que alguém acidentalmente partilha das mesmas convicções. Trata-se do autor que se importa mais consigo mesmo, ignorando se o resultado de suas elaborações atingirá alguém enfaticamente. Por outro lado, há quem crie para buscar no seu leitor um eco automático de suas representações. Este, por sua vez, provavelmente tenta vislumbrar o que é relevante para seu público. Talvez seja difícil mensurar com exatidão se há um patamar que equilibre essas duas formas de atuação. São especulações a nos rondar de modo permanente e o que importa mesmo é saber que a liberdade guia tudo isso. Na linha que implica em se posicionar diante da vida, rendemos escutas às opiniões do poeta e performer Alex Simões, o qual, numa entrevista, fala sobre sua trajetória literária, o momento atual do país e outros temas inquietantes. São os versos de Mariana L., Adriana Brunstein, Sónia Oliveira, Clara Baccarin e Alvaro Posselt que também demarcam territórios ativos em torno das epifanias mundanas. É Jorge Elias Neto quem nos apresenta a coletânea de poemas de William Soares dos Santos, materializada no livro “Rarefeito”. Larissa Mendes volta a visitar o trabalho do músico Baia, desta vez com um novo disco. O mais recente filme da saga Mad Max recebe a detalhada análise de Guilherme Preger. Testemunhamos também todo o vigor narrativo dos contos de Fernanda Fazzio, Héber Sales e Roberta Silva.  Numa precisa leitura, Sérgio Tavares volta suas atenções para o novo livro de contos de Dênisson Padilha Filho. A arte da espera pauta uma exposição com as fotografias de Suzana Latini por todos os cantos dessa nova edição. É a 110ª Leva e seus caminhos, caros leitores! Sejam bem-vindos!

 

Os Leveiros

 

 

Clique para imprimir.

Comente

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *