Ciceroneando

 

Desenho: Re

 

Chegamos à última etapa de celebrações em torno dos 10 anos da revista. Com essa nova leva, vem também a constatação de que 2016 foi um ano repleto de realizações editoriais por parte da Diversos Afins. Apesar da conturbada fase política que acomete o Brasil, situação que contamina todos os demais segmentos por plantar no país um grave clima de desconfiança em torno do papel das instituições, é necessário continuar demarcando posições e trabalhando efetivamente em prol da cultura. Autores e editores das mais diferentes linhagens tornam essa continuidade dos caminhos possível na medida em que enxergam nas suas realizações um motivo de evocação da liberdade de expressão e pensamento. Poder criar e mostrar ao mundo suas produções faz de muitos criadores verdadeiros agentes da democracia, palavra tão questionada ultimamente em nossa continental nação. Todos somos seres políticos nalguma medida, e isso se confirma nas práticas cotidianas.  A grande questão que fica é saber se temos um compromisso consistente com a consolidação da democracia, indagando até que ponto ela não representa um conceito vazio ou mero elemento de retórica. Um artista não está desvinculado do seu tempo e dos fatos marcantes constituintes da sociedade em que vive. E se ele pode contribuir com seu ofício para compreender e modificar paradigmas, já é uma outra importante questão que se estabelece. Numa visão mais otimista, todos poderíamos ser componentes ativos de quaisquer tentativas de mudanças nos planos social, político e cultural. Saber como tal processo se daria demanda um outro nível de compreensão que não se esgota nessas breves linhas de um editorial. Prosseguimos aqui com o intuito de revelar aos leitores e apreciadores da literatura e da arte perspectivas de experimentar alternativas de criação. A Leva 115 vem marcada, por exemplo, pela forte carga visual e provocadora dos desenhos de Re, jovem artista plástica que apresenta ao mundo suas inquietudes. Novas veredas poéticas são instauradas através dos versos de João Gabriel Pontes, Hanna Halm, Weslley Almeida, Alexandra Lopes da Cunha e Leandro Jardim. São as linhas de Guilherme Preger que trazem à tona as reflexões presentes no documentário “Cinema Novo”, do diretor Eryk Rocha.  Numa conversa que mescla literatura e gastronomia, Sérgio Tavares entrevista o escritor e editor Alexandre Staut. “Quando me abriram portas”, livro de poemas de Renato Suttana, é cuidadosamente percorrido pelas leituras de Jorge Elias Neto. Há uma abundância de possibilidades narrativas encerradas nos contos de Helena Terra, Anderson Fonseca e Cristina Judar. Dentro de um valioso processo de inventividade artística, marcado pela cultura popular, “Duas Cidades”, novo disco do grupo BaianaSystem gira nas linhas de Fabrício Brandão. É Carla Carbatti quem promove delicadas incursões em “Vermelho Rupestre”, obra poética de Katyuscia Carvalho. Seguiremos firmes em 2017. Agradecemos a todos os nossos leitores e colaboradores por tornarem sempre especial a nossa jornada. Saudações!

Os Leveiros

 

 

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1 comentário

  1. Caro Fabricio, somos agentes de democracia, efetivamente. Palavra alvissareira a sua, fico grata pela publicação de nível de excelencia, pela amplitude de questionamentos e interrogações. Parabens, sua dedicação gerou uma árvore de porte e frutos inigualáveis no meio cultural.
    Esteja pleno dessa energia que cria esperança e nos impulsiona a melhores esforços para construirmos o ano melhor: 2017.

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