Ciceroneando

 

Arte: Samuel Luis Borges

 

Numa estrada que sempre aparenta ser um tanto imprevisível, manter os passos com estabilidade é algo a ser celebrado, principalmente quando o alvo são as vias movidas pela literatura e pela arte. Nesse trajeto notadamente dinâmico, entram em cena novos atores a cada investida editorial e que trazem consigo detalhes importantes de seus mundos, de seus universos particulares. A partir da soma de um número incontável de expressões, um projeto como o da Diversos Afins consegue perpetuar seu objetivo principal, qual seja o de servir como um recorte da produção literária e artística contemporânea. A revista chega a onze anos de publicações consciente de seus propósitos, pontuada pelo compartilhamento de vozes, verbos, imagens e sons de sujeitos a demarcarem suas identidades diante dos complexos cenários mundanos. Entendendo o meio como uma fluida e mesclada plataforma de possibilidades culturais, percebemos que os ímpetos autorais comungam cada vez mais de uma noção plural de sentidos. Ou seja, estar no mundo revela aos criadores que as alternativas de produção de suas obras não representam uma ideia assentada em bases unívocas e cristalizadas. Ao longo de mais de uma década de edições, pudemos testemunhar uma variedade substancial de obras que apontam para perspectivas estilísticas e estéticas diferenciadas. E aqui não estamos a falar de intentos vanguardistas, mas de formas singulares de propagação do pensamento através da arte. Assim, cada autor trouxe até nós as marcas valiosas de suas existências enquanto sujeitos que almejam alguma transformação quiçá pessoal ou coletiva. É imensurável falar aqui dos colaboradores que nos ajudaram a manter viva a chama da revista. Torna-se impossível quantificar ou traçar qualquer painel classificatório dos diferentes tipos de contribuição que fizeram com que todos os esforços de publicação surtissem efeitos reais. Some-se a isso a importância do papel dos leitores, os quais têm se firmado como incentivadores permanentes do projeto, muitas vezes sugerindo caminhos. Como a abertura para o novo sempre esteve em pauta entre nós, nada mais natural do que trazer à cena, desta que é a nossa leva de celebração, criadores que comungam dos nossos ideais. É, por exemplo, o caso dos poetas Helena Zelic, Morgana Adis, Hugo Lima, Luís Perdiz e Sara Síntique. Do mesmo modo, a presença marcante dos desenhos e aquarelas de Samuel Luis Borges oferece-nos vias especiais de revelação. Em mais uma valiosa colaboração, Guilherme Preger convida-nos a percorrer os delicados ambientes do filme palestino “Degradé”. Trazendo densos recortes de vida, temos em mãos os contos de Kátia Borges, Cesar Cardoso e Marcus Groza. Numa pequena sabatina concedida a Sérgio Tavares, o editor Eduardo Lacerda fala um pouco sobre sua trajetória na condução da Patuá, uma das mais importantes editoras independentes do Brasil.  Alex Simões apresenta-nos “Desinteiro”, livro de poemas de Guelwaar Adún. Quando o assunto é teatro, Vivian Pizzinga volta seus olhares para a peça alemã “The so-called outside means nothing to me”. Numa preciosa contribuição ao nosso caderno musical, Tiago Velasco estreia entre nós falando do novo disco da banda carioca Do Amor. E assim, queridos leitores e parceiros, surge a Leva de número 119! Nossos mais calorosos agradecimentos a todos aqueles que, sem exceção, estiveram conosco até aqui perfazendo mais um aniversário. Evoé!

Os Leveiros

 

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