Ciceroneando

 

Foto: Angelik Kasalia

 

Chegando a 120 edições, estamos certos de que os caminhos da revista atingem um patamar cada vez mais desafiador. As marés digitais têm representado um universo de transformações permanentes no sentido de apontarem novos rumos a serem empreendidos. Testemunhamos mudanças de cenários e comportamentos nos mais distintos momentos de nossa trajetória até aqui. A própria noção de uso dos suportes midiáticos eletrônicos encerra uma exigência bastante voltada para a questão da instantaneidade das experiências de leitura. E bem sabemos que este é um movimento que não vai cessar, pois há sempre um outro paradigma prestes a entrar em cena. Diante dessa constante alteração de rotas, autores e artistas são impelidos a fazer com que suas criações encontrem estratégias eficazes de comunicação com o seu público. A compressão tempo-espaço fomentada pelos trânsitos da internet trouxe, sem dúvida, uma perspectiva revolucionária em matéria de aproximações entre produtores de conteúdo e leitores. Nesse quesito, a literatura, por exemplo, tornou-se uma arte mais acessível, inclusive em relação a pessoas que não possuíam certa intimidade com ela. A perspectiva de compartilhamento das produções escritas, característica marcante dos tempos atuais, faz girar uma roda que antes talvez estivesse restrita apenas a determinados eleitos. Decerto, sempre partimos da compreensão de que há os naturais interessados pelos feitos literários e artísticos em geral, e que estes buscam voluntariamente aquilo que lhes interessa. Entretanto, podemos considerar que as ferramentas de divulgação trazidas no contexto contemporâneo acabam atingindo, mesmo que de modo desavisado, potenciais interessados em consumir conteúdos de tal monta. O resultado disso é um despertar de atenções que pode significar um incremento na via da recepção dos conteúdos. Ou seja, há mais gente tendente a ler e apreciar uma obra do que supõe a nossa vã convicção de outrora. O xis da questão talvez seja pensar quais seriam os mecanismos mais importantes para tornar as produções culturais algo verdadeiramente próximo das pessoas. Quiçá um dos propósitos de revistas digitais como a Diversos Afins seja o de encurtar distâncias, trazendo pra perto de seus projetos o olhar curioso e questionador de outro tipo de leitor.  O tempo dirá. O fato é que haverá por estas bandas sempre alguém pronto a estabelecer elos. É o caso de poetas como Lilian Aquino, Leandro Rodrigues, Dheyne de Souza, Jorge Elias Neto e Ana Pérola, os quais embutem em seus versos vozes que falam ao mundo. Trazendo à baila um olhar sobre a coletânea de poetas e fotógrafas “Profundanças 2”, Geraldo Lavigne de Lemos aponta as razões pelas quais a obra merece ser lida. São da fotógrafa grega Angelik Kasalia as imagens que percorrem os mais diferentes recantos da nossa nova Leva de epifanias. O poeta e editor baiano Jorge Augusto, ao nos conceder uma entrevista, revela o que pensa sobre o seu ofício e as paisagens literárias contemporâneas. São os contos de Itamar Vieira Junior, Alê Motta e Marcus Vinícius Rodrigues que mobilizam modos peculiares de conceber a vida. Em matéria de cinema, Guilherme Preger traz à tona as delicadas questões presentes no filme nacional “Fala comigo”. Vivian Pizzinga discorre sobre a montagem brasileira da peça argentina “Entonces Bailemos”. Num território que remonta a lembranças de um período especial da nossa música, Sérgio Tavares escreve sobre “Só se for a dois”, segundo disco solo do cantor e compositor Cazuza. Sempre com a disposição de ampliar horizontes, a Diversos Afins segue seu rumo. Seja bem-vindo (a), caro (a) leitor (a)!

 

Os Leveiros

 

 

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1 comentário

  1. Sem retoque as palavras dos Leveiros.
    Parabéns por mais uma leva.
    Nela que vou flutuando como quem não quer nada.

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