Ciceroneando

 

Desenho: Raquel Piantino

 

Um novo ano começa a mostrar suas investidas. E para um projeto editorial como o da Diversos Afins é sempre tempo de vislumbrar caminhos, possibilidades de outros encontros movidos por palavras e imagens. A arte tem o condão de promover arranjos diferenciados, tirar as coisas de lugar, desacostumar o tempo. Com maestria, ela evoca um olhar atento ao viés inquieto da existência, quiçá uma busca pelo sentido da nossa própria vida. Se só usamos dez por cento de nossa cabeça animal, tal como apregoava Raul Seixas, podemos imaginar o quanto ainda permanece desconhecido em nós, sobretudo nos imensos labirintos componentes da mente humana. Então, o que pode a arte diante das zonas obscuras ou inexploradas? No mínimo, alguma espécie de sondagem. Mas pode também ser uma agente movida pela provocação, aquela que nos impele a buscar uma não conformidade das coisas. Daí que, em matéria de criação, as manifestações mais peculiares possíveis podem contribuir para aproximações na diferença. Se cada autor confere à sua obra uma voz própria, emanada de seus mergulhos íntimos, talvez possamos supor que as experiências, por mais assemelhadas que sejam entre si, nunca exprimem idênticos saberes e sabores. Em suma, a cada um de nós e dado sua própria travessia com toda a sorte de ambientes explorados. Em matéria de literatura, por exemplo, podemos imaginar como cada autor reage a seu tempo, ao mundo que o cerca. E é com a bagagem de sua individualidade que os poetas Natália Agra, Fábio Pessanha, Cibely Zenari, Analice Martins e Adrian’dos Delima desfilam por nós seus pungentes versos, prenhes de imagens, prenhes de vida. Revelando-se um protagonista de seu tempo, o escritor Itamar Vieira Junior é o entrevistado da vez. Numa resenha sobre o livro de estreia de César Manzolillo, Daniel Russell Ribas destaca perspectivas para o conto. Vivian Pizzinga menciona suas sensíveis impressões sobre o espetáculo teatral “Preto”. São de Paulo Bono, Danilo Brandão e Glauber da Rocha as narrativas que evidenciam vias desnudas da vida. É Daniela Galdino quem nos apresenta o disco de estreia do cantor e compositor Rafique Nasser, jovem revelação da nossa música popular. No caderno de cinema, o filme “The Square – A Arte da Discórdia” é alvo das análises de Guilherme Preger. Entre múltiplas incursões textuais, a nova edição traz a marcante presença dos desenhos da artista plástica Raquel Piantino. Com vocês, caros leitores, a 123ª Leva!

Os Leveiros

 

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