Ciceroneando

Foto: Mercedes Lorenzo

Erguer uma nova edição é, de certa forma, deixar-se conduzir pelos imperativos de um fluxo especial de comunicações. Nessa perspectiva, dois pólos mostram-se intimamente relacionados: a manifestação espontânea dos criadores, através do interesse em terem suas obras apreciadas e, do outro lado, a busca própria da revista pelo conjunto de expressões que melhor se identifiquem com sua linha de publicações. Desse equilíbrio de ações, surgem descobertas significativas as quais reforçam o valor dos encontros, aspecto tido como essencial em nossa jornada editorial. Não haveria sentido em tocar o projeto adiante se, diante de tais convergências, não fosse possível estabelecer uma conexão de linguagens múltiplas e consistentes. Mais do que uma proposta supostamente ordenada de resultados criativos, estamos sempre à procura de epifanias que permitam a transgressão. E transgredir sugere um algo muito além de uma mera quebra de barreiras. Aponta também para a capacidade que uma determinada obra possui de deslocar nossas leituras de mundo para lugares desabitados de obviedade e inércia. Basta observar detidamente a verve poética de gente como Carla Diacov, João Filho e Carolina Caetano para percebermos que o “modus operandi” da criação reflete um teor singular. Contribuem também para o ambiente onde os versos denotam um cuidado valioso com forma e conteúdo as manifestações de Diego Tardivo e Silvério Duque. No campo das imagens, as fotografias de Mercedes Lorenzo retiram da matéria cotidiana os vestígios deixados pelas complexas andanças humanas. Há substância, entrega e domínio textual que roubam a cena na prosa de Alice Fergo e Yara Camillo.  Na Pequena Sabatina ao Artista, o poeta e editor Floriano Martins estabelece um diálogo musical vigoroso com o cantor e compositor Graco Braz Peixoto. Em sua resenha sobre o filme argentino “Elefante Branco”, Larissa Mendes pontua o denso apelo social presente na obra. W. J. Solha nos propõe um percurso pelos ensaios e poemas dispersos em “Psi, a penúltima”, livro de Soares Feitosa. Outro valioso convite à leitura nos é apresentado pelo escritor Geraldo Lima, quando discorre sobre o novo rebento literário de Vera Helena Rossi. O dramaturgo Paulo Afonso de Souza Castro expõe reflexões e perspectivas em torno do teatro. Em nosso gramofone, giram as canções do segundo disco de Tulipa Ruiz. Eis uma nova Leva, caro leitor, coberta de signos e outras tantas vias por descortinar.  


Os Leveiros

 

 

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3 Comentários

  1. Muito bacana a forma interessante que fora colocada aqui nessa chamada, eu diria que é uma forma poética de dizer acorda, por que essa Carla Diacov é demais e outros citados aqui e os que ainda não. Adorei esse texto enfim, a revista é tudo de bom!. Parabéns!

  2. Que delícia, Marcia! Leila, Fabrício, Mercedes!
    QUE DELÍCIA!

  3. Diversos Afins, Caminhos sem fim.
    Sucesso!!!

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