Ehre
verbal life
no avesso do dia,
lídice aponta o indicador
e desenha sobre a pele
como tatuagem,
um totem para seu libelo:
ama e ao mesmo tempo
…disfarça
…esquece
…esconde-se
…divaga
…declina
…e cala-se
seu archanjo guarda nos olhos
seis âncoras
e lança uma garrafa
com sete linhas ao centro:
disfarce é a neblina do sujeito
……que esquece
……esconde
……divaga
……declina
.e permanece calado
em seu presente imperfeito
amor é predicado
***
flavors
I
entre as paredes de vidro da metrópole, ele tem sempre à mão:
um aparelho de telefone móvel regado a 3G,
um tablet empanado com tela fulll HD de 10 polegadas,
um notebook com o recheio de sete contas em redes sociais
e diria um olhar venusiano, desde a janela de uma estrela,
que ele é um sucesso de interação,
mas o ouvido de uma lagarta estacionado em seu quarto no domingo à tarde
concluiria que ele é sinônimo de solidão avançada
II
no subúrbio do mundo, no mural de uma caverna
escreveram um beijo com a ponta afiada de uma pedra
***
A A.
Os sentidos submersos no copo
O corpo
beijando a calçada como se fosse carne,
mas era líquido.
As talhas abarrotadas…
Agora o milagre
é transformar o vinho.
***
linha de voo
há uma luz que não é janeiro ou manhã
mas chega entre o fim de tarde e seu ocaso
há uma fé que desafia
………..o chão
………..o muro alto
………..o cansaço
………..gente tem por vocação horizonte
amor anda para trás só antes do salto
***
gardênia
A flor violentou o muro
da divisa de pedras que a cercava
Já não temia a estrada vertical
Seus pés
brotando
e dizendo:
Crescer não é ter um número a mais
mas um temor a menos
(Ehre. Nasceu aos onze meses. Aos nove, ainda não sabia que viver era um mergulho para cima. No tempo que tardou para nascer, colecionou espantos. Muitos deles revelados nas janelas dos poemas. A cada dia aprende que escrever é um mergulho para o fundo)