Janela Poética IV

Foto: Juh Moraes

EVIDÊNCIAS

Helena Figueiredo

 

Hoje, que nada nos chama,
as horas
xpendem vagarosas no espelho,
xe o corpo
xespanta-se,
nos fatos desabotoados,
na curvatura das costas,
naquela ruga que apareceu num dia mau.
Crescemos numa aparência sem nexo,
e atordoados,
xprocuramos as flores,
a confusão das cadeiras,
os brinquedos que viviam no corredor.
Precisa de óleo a dobradiça do armário,
e os joelhos,
xgritam a idade
esquecida de virar no calendário.

 

***

 

FLASH

 

Escrevo nas pedras um postulado redentor.
Indiferentes,
as árvores
pintam as folhas de um sabor vermelho,
os pássaros
equilibram seus ninhos no vento,
e é tão clara a sapiência deste chão,
que me apetece rasgar as utopias,
e seguir paralelo ao fervor dos insetos.

 

(Helena Figueiredo nasceu e reside em Carregal do Sal, distrito de Viseu, Portugal.  É licenciada em Educação de Infância.  Editou  textos e poemas no site-revista TRIPLOV, da escritora Maria Estela Guedes.  Até agora não se encontra editada em livro. Contato: helena_lopes_m@hotmail.com)

 

 

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3 Comentários

  1. Fico feliz em ver na Diversos-afins – sem dúvida um dos melhores espaços de divulgação da arte e literatura – a poesia de Helena Figueiredo. Talentosa poeta da terra das caravanas!

  2. Taí, sentí firmeza na dicção. É excelente. Fazia tempo.

  3. Isso sim é poesia! Finalmente algo bom nos tempos de hoje! Valeu, Fabrício. Esses poemas salvaram meu dia!
    Obrigado e parabéns pelo trabalho com a literatura veículada pela internet.

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