Janela Poética IV

Alvaro Posselt

 

Suzana Latini

Foto: Suzana Latini

 

Uma folha cai
Sem pressa a estação começa
dentro do bonsai

 

 

***

 

 

Na ponta do anzol
um isqueiro serve de isca
pra fisgar o sol

 

 

***

 

 

Embala o meu sono
É rede sem ter parede
o vento de outono

 

 

***

 

 

Passa a correnteza –
O reflexo da libélula
o rio não leva

 

 

***

 

 

Nem fome nem sede
O gato em cima do telhado
é só um quadro na parede

 

 

***

 

 

Dias desiguais
Agosto deixa no rosto
uma ruga a mais

 

 

***

 

 

Na pauta tem blues
As aves enchem de claves
os fios de luz

 

 

***

 

 

Repleta de inseto
a casa tem um par de asas
em cada objeto

 

 

***

 

 

Um passo e dois tombos
Sem ai, o bêbado cai
sobre os seus escombros

 

 

***

 

 

Brisa da manhã –
O olhar é mais lento
que o carro de bois

 

Alvaro Posselt nasceu em Curitiba. É professor de português. Publicou “Tão breve quanto o agora” (2012), “Um lugar chamado instante” (2013), “Entre arranhões e lambidas” (2014) e “Kaki” (2015). Alguns de seus poemas estão nas embalagens de Poëse, novo sorvete da franquia Los Paleteros, e também fazem parte de um mural na Travessa da Lapa, centro de Curitiba. Divulga voluntariamente o haicai através de oficinas em escolas públicas.

Clique para imprimir.

1 comentário

  1. Parabéns Álvaro! Belo, delicado, poético, estético – Adorei!!!!

Comente

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *