DANOS
Bruno Gaudêncio
quantas
asas
oram
nas covas
gastas?
?quantas
horas
vagas
cavam
nas curvas
postas?
?quantas
flores
mortas
ardem
em voltas
sem chegar
a lugar
algum?
***
RETINA
O olho do poema
permanece fechado,
fluente em seu acaso,
buscando o caos.
O olho do poema
escreve o seu atraso,
no teatro tenso
das luzes do mau.
O olho do poema
voa falso
(aos monstros da fala).
O olho do poema
come a razão
(com sua fome de nada)…
(Bruno Gaudêncio nasceu em Campina Grande, Paraíba. É escritor, jornalista e historiador. Publicou: O Ofício de Engordar as Sombras (Poesia, Sal da Terra, 2009) e Cântico Voraz do Precipício (Contos, Via Litteratum, 2011). Membro fundador dos Núcleos Literários Blecaute e Caixa Baixa na Paraíba. Membro do Conselho Estadual de Cultura do Estado da Paraíba. Possui poemas publicados nas seguintes revistas e sites culturais: Correio das Artes (PB), Revista Blecaute (PB), Verbo 21 (BA), Palavrarte (RJ), Revista Macondo (SP), Germina Literatura e Artes (SP) e Samizdat (POR). Atualmente Coeditor da Revista de Literatura Blecaute. Os poemas fazem parte do seu segundo livro de poesia, intitulado Acaso Caos, a ser publicado no início de 2013)