Janela Poética V

Michelle Mendonça

 

Ana Pérola

Foto: Ana Pérola

 

Uma breve energia dessas células,
amor, mortas, geneticamente
sua própria eletricidade.

Enquanto

você dizia o gato lambe a pia,
debaixo o porteiro conspira.
Éramos linhas paralelas à espera do infinito.

 

 

***

 

 

 

decidia de vez aquele dia!
na sua melhor roupa
de loucura, enquanto
marcava os passos
de mágoas, e adeus.
do lado montanha,
do lado água,
tudo se movia, e ela parada.

 

 

 

***

 

 

 

além high tech, tele transporte, e ciborgues,
chipes, discos rígidos e vigiam;
escrita dura sobre a vida, surras de
realidade, doenças progressivas.
o material humano. subempregos, chefes
hostis, acabou tomando água do banheiro.

 

 

 

***

 

 

 

pulsação, sangue e respiração nunca saberei o
que se deu em minha garganta a maré se
fechou em um abismo de pedras da onde as
folhas caem das árvores e a areia dança para
o fim.

 

 

 

***

 

 

 

vazio entre os móveis
as ausências passeiam
é o que essas páginas
sabem há várias tardes.

 

 

 

***

 

 

 

Assim a superfície se via
Tomada de antíteses num
mergulho retilíneo.

 

 

 

***

 

 

 

Poema de pedra
Pedra restante de espera;
do tempo que se imagina
de alma habitada, viva!

Você é Pedra estendida
esfera larga em sorrisos
para o céu em seus aclives/declives.

O que há em mim de minério é você,
pois pedra há de estar no céu e no mar.

 

Michelle Mendonça (São Paulo, 1983) é licenciada em Letras e Estudos Literários. Técnica em Processos Fotográficos. Já participou das exposições Casa Mafalda, Parque Gabriel Chucre, Mostra Samsung SP 2013. Publicou dois títulos literários independentes: Intervenção Urbana e Fotografia de Paisagem e Arte Urbana. É colaboradora da Revista Escrita Pulsante.

 

 

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