Pequena Sabatina ao Artista

Por Fabrício Brandão

 

Estar no mundo é não passar impune pelas vias feitas de matéria e alma. É dizer mais: não fugir ao embate proporcionado por tudo aquilo que está encerrado nos mais distintos cenários. O olhar, esse intricado instrumento de inserção, é algo muito além de uma mera janela para a dimensionalidade do múltiplo que nos acomete. Ele parece ganhar mais sentido quando mexe nas densas tramas de que somos feitos, provocando-nos e direcionando nossas atenções para uma necessidade de rompermos com o óbvio e suas traiçoeiras armadilhas. E não há como se falar em provocação sem pensar em transgressão. Qualquer ruptura que se pretenda levar a cabo, traz em si mesma a perspectiva de uma coerência de propósitos, para que não reine sorrateira a sombra do discurso vazio.

No caminho das palavras, utilizar a transgressão como recurso criativo representa verdadeiro desafio a um autor, pois tal empreitada requer doses bem ministradas de lucidez e renovação do olhar. Tais atributos parecem se encaixar com precisão no modo de escrever da poetisa baiana Daniela Galdino. Dona de uma linguagem que sabe a instigantes percursos existenciais, Daniela sabe manusear palavras como quem lapida a pedra fundamental das nossas imperfeições. Com “Inúmera” (Editora Mondrongo), seu mais novo livro de poemas, a autora demarca, de modo especial, um lugar no mundo, fazendo convergirem sensações que dialogam com terrenos complexos da natureza humana. A obra pontua travessias feitas de delicadezas, intensidades e provocações, utilizando-se também de um apelo erótico muito bem posicionado frente às nossas dualidades e contradições. Ali, a multiplicação do “eu” é artifício valioso nas mãos da poetisa, fazendo com que, sob a forma de versos, contemplemos a possibilidade de sermos simultaneamente um e todos.  Com algumas participações em eventos literários, antologias e organizações de obras, Daniela também publicou “Vinte poemas CaleiDORcópicos” (Via Litterarum). Graduada em Letras (UESC), a autora é Mestre em Literatura e Diversidade Cultural (UEFS), Doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos (UFBA) e professora de Literatura da Universidade Estadual da Bahia. No breve diálogo com a Diversos Afins, é possível constatar que estamos diante de uma criadora inquieta, cujo compromisso maior é nitidamente o de tecer vias que confiram significados consistentes ao que chamamos vida. Não há regras fixas para isso e Daniela aposta firmemente que, se hoje estamos aqui, é porque nos foi dada a capacidade de também desconfiarmos de tudo.

Daniela Galdino/ foto: Felipe Thomaz

DA – “Inúmera”, seu mais recente livro, devota atenções especiais a um lirismo feminino vigoroso, capaz de observar o mundo, este grande útero que guarda nossos acessos, com olhos de lucidez, provocação e algum mistério. Na gestação de tais versos, o que lhe parece mais inquietante?

DANIELA GALDINO – Inquietante, para mim, é viver. Dos trânsitos e transes cotidianos, capto a matéria de poesia, o combustível para “assustar palavras” e gerar imagens. Eu fico digerindo a vida, aquela por mim experimentada e também a supostamente experienciada por outras/os. A arte tem dessas coisas, não é mesmo? A possibilidade dos desdobramentos. “Inúmera” é uma galeria de pulsações. Eu já disse, numa brincadeira: as percepções ficaram doendo, pesando, cutucando, provocando a minha alma… Enquanto eu não devolvi essa provocação em forma de imagens poéticas, não tive sossego (risos).  Aí eu me lembro de Hilda Hilst: “Estou mais do que viva: embriagada.”

 

DA – Nos seus percursos criativos, a ideia da ordenação do caos interior lhe soa como algo atraente?

DANIELA GALDINO – Ao pensar numa resposta, recordo de outra poeta, Cecília Meireles: “a vida só é possível reinventada”. A ideia de “ordenação do caos” é muito sedutora, torna-se uma grande pretensão, um desafio delicioso. O que há de atraente nisso – a meu ver – é que não consigo atingir o grau máximo de ordenação do caos interior. Ou seja, a tarefa parece mesmo o trabalho de Sísifo, condenado a empurrar uma pedra até o cume de uma montanha, sendo que essa pedra rola novamente, provocando a repetição do ato. No entanto, segundo a leitura de Albert Camus, na cena intervalar Sísifo acentua a consciência e se revolta. Então, para mim, ordenar o caos anterior é uma tarefa que não cessa, que desafia o cotidiano. Não é o caos que gera a luz da estrela bailarina nietzschieana?

 

DA – Acredita na literatura como sendo um instrumento de transformação humana?

DANIELA GALDINO – A Literatura é a minha transformação. Lendo ou escrevendo literatura, eu experimento um desdobrar constante, “transito por rotas imprecisas”. Sempre brinco dizendo que acredito na Arte como forma de transgressão, e que se não for para transgredir de alguma maneira, melhor escrever manual de instrução, bula de remédio. Eu não acredito que o possível e a realidade sejam isso que o mundo nos oferece todos os dias via bombardeio de desejos pré-fabricados para consumo em larga escala. E por mover essa “descrença” acredito na força da expressão artística e na força da palavra literária, em especial. A Literatura é o descortinar de nós mesmos, a possibilidade de reescrever o possível. Ela é também a trapaça da linguagem e com a linguagem, como observou Barthes. Sendo assim, movendo sensibilidades, alterando olhares, desestabilizando mundos interiores, a Literatura transforma sim: a linguagem, em primeiro lugar. E como nós somos linguagem, somos alterados, transformados produzindo e lendo Literatura.

DA – Abraçar-se à transgressão seria, na verdade, negar os atalhos propostos pela dita pós-modernidade?

DANIELA GALDINO – Acredito numa poética do pós-modernismo nos termos colocados pela Linda Hutcheon. Aqui não quero fazer discussões acadêmicas ou enveredar por abordagens teóricas, mas do que Hutcheon apresenta, capto justamente os aspectos transgressores dessa poética pós-moderna, esse modo de constituir-se, de ser sendo: ser um/a forasteiro/a de dentro (ou adotar um “posicionamento duplo paradoxal”), investir no potencial da ironia para implodir a dita “arte séria”. Em termos artísticos, valorizo bastante o caráter ex-cêntrico, que significa estar na fronteira ou na margem e, ao mesmo tempo, provocar implosões nos modelos. Os discursos podem ser objeto de reapropriação constante – seja o religioso, o político, o literário… – e nesse jogo o que me interessa, nos exercícios de reapropriações e implosões, é revelar uma perspectiva diferente, brotar o inusitado no peito do leitor.

DA – Em “Inúmera”, a convergência masculino/feminino ganha um contorno bastante especial, como se ali tivéssemos a perspectiva de um novo gênero, sem amarras usuais. Como você percebe tal questão?

DANIELA GALDINO – Amarra é um termo que eu quis apagar em “Inúmera”. Essa convergência é perceptível mesmo, flutua na poética, sobretudo na segunda parte do livro, intitulada “É passeio abissal”. Ali estão os poemas deliberadamente eróticos, ali está o corpo despojado de rótulos – sobretudo livre do carimbo do pecado. O prazer é linguagem também, o corpo aparece numa outra cartografia (são “mapas distorcidos por cartógrafos loucos”, como no poema “Saudade amanhecida”) e, nesse novo estado, a fusão acontece. O inusitado brota já no poema “Obra de fricção”: “gosto de homens que tem buceta imaginária” / daquelas bem colocadas na coxa esquerda”. Eu desejei investir nisso, pois entendo poesia como recriação do real. E entendo a realidade comportando o invisível, o recriado (ou melhor, o recriando-se). Daí, o que você chama de fusão, ainda que tensa, é uma fusão. É tensa porque mobiliza forças que eram entendidas como díspares, o desafio fica sendo a constituição, a partir das imagens poéticas, de uma possibilidadecorporal, prazerosa, gozosa sem o punhal da violência simbólica; e muito próxima do refazer-se. Em “Inúmera” o corpo não é objeto.

DA – Acredita que a condição de ser mulher poeta tem algo a ver com uma certa busca por uma virilidade esquecida nalgum ponto da jornada?

DANIELA GALDINO – O que é ser viril? A quem pertence a virilidade? O dicionário diz que viril é aspecto próprio do universo masculino, uma condição do varão. O dicionário, enquanto espécie de lei, para mim, é insuficiente. Não foi Drummond quem disse: “as leis não bastam/ os lírios não nascem das leis/ meu nome é tumulto e inscreve-se na pedra”? Pois sim… Eu não busco a virilidade perdida – aquela do dicionário! Certa feita, um poeta (e interlocutor constante) me perguntou: “Daniela, você faz parte do grupo de autoras que escreve com a vagina?” Conheço bem esse poeta, ele queria me provocar, obviamente, e usou uma metáfora que, ao seu ver, era até mesmo pejorativa. O caso é que eu adotei essa metáfora, e a adoção foi ao meu modo: da vagina sai gente, quando não sai gente, sai sangue. Gente é vida brotando, sangue percorrendo os atalhos do corpo também é vida jorrando. Então, eu entendo que escrever com a vagina é imprimir vida às imagens poéticas. Gestar, colocar movimento, som, cor, cheiro, movimentar sensações. Isso é escrita viril? Não sei. Viril de vigor descamba no que acabei de dizer: vida. Mas eu confesso: não estou à procura de uma  “virilidade perdida nalgum ponto da jornada”.

Daniela Galdino/ foto: Milena Palladino

DA – Podemos suportar a civilização sem poesia?

DANIELA GALDINO – Repare bem.  Eu acho que o mundo, como nos é apresentado, e como foi construído (ou destruído) até então, é insuportável sem poesia. Essa é a minha posição, a forma como me lanço e reconstruo a realidade. No entanto, bem sabemos que essa postura não é nada consensual. Costumo repetir: “você já soube de algum caso de uma pessoa que enfartou porque passou 1 ano sem ler um livro de poesia? Alguém que definhou por falta de leitura poética?” Eu nunca soube de uma história assim, mas sei que o senso de “cidadania” e de “humanidade” fica diminuto quando muitas pessoas são impedidas de exercer o seu “poder de consumo”. Quem nunca se sentiu com um sinal de menos por não ter condições de adquirir as novidades mercadológicas para uma vida mais feliz, prática e confortável? Eu estou enveredando pela ironia…

A poesia não tem verdade(s) para professar, não é a chave para a resolução das nossas angústias, poesia não é autoajuda. Por isso mesmo, ela é necessária: dialoga com a nossa sensibilidade, desafia as formas usuais de entendimento do mundo, provoca a nossa humanidade. Compreendendo a poesia dessa maneira, eu repito: o mundo torna-se insuportável sem ela. Por isso leio poesia, por isso escrevo poesia. “Por uma vida menos ordinária pintamos o chão”, bradam os rapazes da Nação Zumbi – e eu faço coro com os descontentes.

DA – Somos facilmente seduzidos pelos apelos do consumo. No entanto, parece ser tarefa homérica atrair pessoas em torno da leitura. Na sua visão de educadora, o que podemos fazer? Acredita num caminho de formação de leitores?

DANIELA GALDINO – Acredito, sim. É o que move a minha ação como educadora, formadora de docentes. No entanto, há que se ampliar essa noção de leitura. Sou bem freiriana nesse sentido. Paulo Freire investiu na leitura de mundo como algo que precede a leitura da palavra, sendo componente fundamental na formação dos sujeitos. E a leitura de mundo comporta o para além da palavra. Se a gente ponderar isso com mais atenção, vai surgir um caminho para a formação de leitores de Literatura, por exemplo. A palavra literária é grávida de mundo, bem sabemos. E a leitura sensível é condição necessária para o trânsito pela linguagem literária.

Eu não tenho receitas para socializar, mas posso dizer que tenho encontrado pessoas por aí afora, nos mais diversos espaços sociais, atuando com vigor nessa área de formação de leitores – inclusive tendo as linguagens artísticas como grande aliada.

Agora eu lembrei de uma experiência de ciranda de leitura literária que ocorreu num acampamento (movimentos de luta pela reforma agrária) no sul da Bahia. A coisa foi simples e impactante: uma educadora (em formação) levou algumas obras literárias para socializar com a comunidade, no entanto, como muitos sujeitos não eram alfabetizados, essa jovem iniciou sessões de leitura coletiva, o que acentuou o senso comunitário. E as pessoas se emocionavam, se encantavam com as narrativas. Ao final da experiência, ao receber um prêmio concedido pela UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz), essa jovem socializou o seu desvelamento: a sua família vive sob o barracão de lona, não havia energia elétrica, usava-se o candeeiro. Ela acordava de madrugada para ler esses livros. Depois, lia para os outros. Só depois disso ela afirmou entender que a estante de livros que existia na comunidade não era para enfeitar o barracão de lona preta. Havia vida ali.

Nessa trajetória recente de divulgação de “Inúmera” também vivi duas experiências muito marcantes. A primeira aconteceu em Salvador, no CEPAIA/UNEB, no dia do lançamento do livro. Foi um dia tenso, greve da polícia… Cheguei ao local do evento um tanto apreensiva e entrei no primeiro lugar disponível para ajeitar o figurino da performance (trabalho com essa linguagem). Num banheiro minúsculo encontrei Sanda, auxiliar de serviços gerais. Em meio àquela agonia toda, Sandra ia me dizendo: “nossa, eu gostei do teu livro. Nele a mulher pode tudo”. Imediatamente, perguntei: “mas como você sabe disso, se ainda nem lançamos o livro?”. Ela havia lido, de uma só vez, todos os poemas, aproveitando o descuido de alguém que esqueceu um exemplar sobre a mesa. Eu presenteei Sandra com “Inúmera”. E noutro dia, num samba, nos reencontramos e ela me disse: “olha, eu conheci homem com 16 anos, mas só fui gozar aos 25. No seu livro aprendi que gozar faz parte da descoberta da mulher. E muitas mulheres não têm a liberdade de gozar”.

A outra experiência foi em Olinda, no pós-carnaval. Num domingo cultural eu encontrei dona Conceição, professora aposentada, com formação em magistério. Ela deve ter, aproximadamente, 70 anos. Dona Conceição leu todo o livro, teceu comentários e me conduziu até a cozinha da pousada onde estávamos, fazendo questão de socializar os poemas com as cozinheiras. Aquilo me deu uma emoção retada, pois ver aquelas mulheres manuseando o livro, lendo os poemas com os seus trajes de trabalho, suas toucas e luvas, foi inusitado para mim.

Acho que histórias assim comprovam que a leitura da palavra – e da palavra literária em especial – não é um elemento de distinção, um privilégio de escolhidos. Ela é um direito social – e como tal deve ser trabalhada. Ler com olhos não convencionais, ler com o espírito, ler com sensibilidade independe de condição social.


DA – “Eu sou muitas pessoas destroçadas”, arremata em versos Manoel de Barros. Tal sensação também parece impregnar a poetisa Daniela. A ideia da fragmentação das personas a serviço do discurso poético alimenta o jogo dos estranhamentos?

DANIELA GALDINO – “Eu sou muitas pessoas destroçadas”. Eu sou leitora de Manoel de Barros. “Eu sou maior por dentro”, como está no poema Conselho Infantil… Mas eu penso nesse “eu” como uma conjugação de vários modos de ser. Isso escapa a qualquer forma de identificação da poeta Daniela Galdino – “Inúmera” não é um diário. Os vários modos de ser comportam as experiências alheias, sobretudo as femininas. É esse o mote do livro: “sou intrusa, sou inúbil, sou inúmera” – um exercício de multiplicidades conjugadas. A experimentação dos desdobramentos a que me referi anteriormente. Talvez aí resida a ciranda que o livro tem gerado. Frequentemente, recebo fotografias de leitoras/es de Inúmera.  São imagens de pessoas diversas (idosas, jovens, homens, mulheres, gays…) nas mais inesperadas situações, manipulando o livro em cenários próximos (Brasil) e distantes (terras estrangeiras). O que me surpreende e encanta, nessas imagens, é que as pessoas perdem o pudor: se deixam fotografar em locais públicos, diante de monumentos, locais turísticos, na intimidade da cama (com o/a parceira/o).  Já houve até uma sequência de fotos com nu artístico – e o mais belo de tudo: são pessoas que até então nunca haviam experimentado a nudez dessa maneira. Não preciso dizer que isso me encanta bastante. Essas imagens, antes de tudo, revelam essa conjugação dos diversos modos de ser sendo.  Elas são belas porque surpreendem, são fortes porque impulsionam que outras/os entrem na ciranda. Nos estranhamentos a gente se reconhece.

DA – Entre palavras e percursos humanos trilhados, no que acredita a operária das ruínas Daniela Galdino?

DANIELA GALDINO – Sou entusiasta das artes, amante do invisível, concubina do inusitado. Também flerto com as realidades minúsculas e, ao mesmo tempo, sou uma megalomaníaca convicta. No que acredito? Acredito que tenho que manter a minha desconfiança perante as certezas perenes… Quem sabe daí sai o alimento para recriar mundos – aos menos os meus mundos interiores…

Eu respondo novamente com Hilda Hilst:

“Bebendo, Vida, invento casa, comida /E um Mais que se agiganta, um Mais / Conquistando um fulcro potente na garganta / Um látego, uma chama, um canto. Amo-me. / Embriagada. Interdita. Ama-me. Sou menos / Quando não sou líquida”.

 

 

Daniela Galdino/ foto: Milena Palladino

 

 

– TRÊS POEMAS DE “INÚMERA” –

 

OBRA DE FRICÇÃO

 

Gosto de homens
que têm buceta imaginária
daquelas bem colocadas
na coxa esquerda.

Gosto de homens
aventureiros da carne e do osso
daqueles que vibram
com o encontro das nossas bucetas.

Esses homens incomuns sabem,
no relincho do segundo,
no piscar do silêncio,
que eu explodo blasfêmias
com a voracidade vulcânica.

Esses raros homens sentem,
no calor da obra friccional,
que na dessemelhança
da minha realidade
nada é mera coincidência:
primeiro, o diálogo de bucetas.
Depois, a penetração por trás.

 

 

ARDIL

 

recolher
a matéria
que é de
silêncios:

eu não
quero
levantar
a palavra
em vão

porque…

quando
eu falar
irão
despregar

todas
as estrelas
do meu
céu da boca.

 

 

PROCISSÃO LUNAR II

 

Veste o teu hábito de penumbra
afasta aromas de naftalina
orna a fronte com um véu opaco
flutua como uma noiva que não foi.

Abre a gaveta da memória
traze aquela laço delicado
vede a seda já sem brilho:
com ele secarás a lágrima da santa.

Levanta dos precipícios de silêncio
toma o fôlego aos ventos esparsos
ergue o andor pesado das esquecidas
nele estarão teus sonhos mofados

Vede o tempo que escorre
ouça: estás em atraso.
sinta a lacuna, crede: a vida
é uma procissão que não sairá.

 

 

“Inúmera” está disponível para compra no site da Editora Mondrongo


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7 Comentários

  1. Daniela sempre surpreende com sua leveza e sutileza, poemas fortes, versos ricos que aliciam e seduzem quaisquer leitores, independente da formação cultural ou sócio-econômica que possuem.
    Fiquei realmente fascinado com INÚMERA e estou recomendando não só aos meus alunos bem como às pessoas que encontro e sei que são amantes da boa poesia.

  2. A cada vez que releio “Inúmera”, sinto mais vontade de conhecer outras criações dessa escritora fantástica!
    Parabéns ao “Diversos afins” e a Fabrício Brandão por essa entrevista, onde fica visivelmente claro o dominio que Daniela Galdino tem da palavra!

  3. Daniela demonstra toda sua sensibilidade e fortaleza em seus versos,às vezes, chocantes.Além de poeta, também é boa atriz e ótima leitora.Imagino como devem ser agradáveis suas aulas de Literatura!Parabéns a Fabrício Brandão pela entrevista.

  4. Fui arrebatada pelo encanto de INÚMERA e fico encantada em saber que provoca auroras por onde passa. Parabéns “Diversos Afins”. Belas palavras, Daniela!!!

  5. Jozélia Magalhães – ex-aluna

    Daniela, parabéns. Você como sempre nos faz perceber a literatura como um caminho diferente, abrindo nossos olhos e ouvidos para melhor apreciá-la. Sempre senti falta das suas aulas de literatura. Estou anciosa para ler a obra: “INÙMERAS”. Sucesso!! Sempre!

  6. Li a sua sabatina e amei, Daniela! A profundidade com que conduz a sua poética e a vida é perturbadoramente bela. Uma mulher múltipla e aberta aos desafios, diarimanete empenhada em divulgar os novos nomes na música, nas letras, na vida, sim, pois ainda se empenha em observar os discursos dos anônimos, dos invisíveis; empenha-se em despertar paixões pelo teatro e pala literatura, pela Arte. Uma amiga que abre caminhos, que conduz à generosidade e ao espírito de coletividade, uma companheira de demolições e alvenarias, uma construtora de poeisa e desbravadora de possibilidades. Eu sou sua fã!!!!

  7. Adorei seu poemas , sou historiador e gostaria de conhece melhor seu contos , tramas e o que você escreve.Faço pesquisa sobre o cangaco especificamente a morte de lampião , 9 que se falava antes e depois de sua morte , representação social .

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