O que seria uma atitude poética diante da vida? Idealizar o inatingível? Mensurar o insondável? Penetrar em zonas desconhecidas ou ignoradas? Estas são algumas indagações que podemos entabular. Certamente, estamos a falar muito mais num estado de coisas, quiçá de espírito, a nortear as ações em matéria de criação e recepção. É um ser poético não somente quem cria sob tal égide, mas todo aquele que abre seus canais de acolhida e mergulha nos signos que lhe são apresentados. Então, muda-se a perspectiva das coisas e confere-se um lugar de destaque também para quem tão somente consome os feitos culturais. No caso da literatura, é o leitor um ser especial na medida em que confere sentido ao que lê, estabelecendo uma tácita relação com quem cria. Também o é no caso de outras tantas manifestações artísticas. Admite-se, por parte do receptor, um caráter de expansão duma determinada obra sem que isso represente algo desgovernado e, portanto, sem controle. Como advertem alguns, uma obra pode ser aberta, porém não escancarada. Afora qualquer discussão sobre o tema, importa mais saber do interesse das pessoas pelos percursos criativos das mais diversas ordens. É saber que, em seu íntimo, todas elas são capazes de vislumbrar caminhos até mesmo impensados pelos próprios autores. Olhando por esse viés, o maior sentido da arte seria o de promover uma libertação que surtisse efeito para todos os lados envolvidos? Responda quem puder. O fato é que hoje somos livres para acolhermos os ímpetos poéticos de gente como Germano Xavier, Camila Passatuto, George Pellegrini, Monica Marques e Jorge Elias Neto, todos eles com seus versos a descortinar janelas de vida ante nossos sentidos. No universo que sonda as motivações literárias e artísticas, o escritor e multifacetado artista W. J. Solha fala sobre o seu mais recente livro e toda uma gama de assuntos que remonta ao ato inquieto que é o estar no mundo. Gustavo Rios elenca boas razões para a leitura de “Fernanflor”, romance de Sidney Rocha. Quando o assunto é cinema, Larissa Mendes destaca a produção norte-americana “Eu, Você e a Garota que Vai Morrer”. Nos cadernos de prosa, os contos de Dheyne de Souza, Krishnamurti Goes e Poliana Paiva pedem passagem. O disco de estreia da banda Caim gira nas linhas do gramofone de Fabrício Brandão. “Corpo Sepulcro”, novo romance de Mike Sullivan, recebe a atenta leitura de Maurício de Almeida. Em todos os recantos da 105ª Leva, os desenhos, ilustrações e tiras de Juca Oliveira interagem com outras tantas formas de expressão. Assim, caros leitores, mais uma edição ganha corpo. Evoé!
Os Leveiros