ABREM-SE AS ASAS DOS CABELOS
Mar Becker
abrem-se as asas
dos cabelos,
digo-te: rosa
(uma trança a se
desfazer)
-dos-
ventos.
que mãos bordaram-na?,
(o que tu sangras,
sussurro.
digo-te, ave escarlate,
ao pé das pétalas
que encalham
nos meus ombros
como se fossem coágulos
de areia,
conchas: as pérolas
dos brincos).
é outono, meu bem; ouve,
todas as peles
rangem.
***
AGOSTO – I
respinguei no vidro
da palavra que
fechaste,
da janela que em
tão pouco,
tão perto,
se calou dentro de
ti.
agosto, ainda.
muita chuva,
(mas nenhuma fresta
nos lábios,
um sopro, que
fosse,
nenhum silêncio
entreaberto
para que à noite meu
nome
adormeça no teu).
respinguei no vidro,
no para-
peito,
o coração logo atrás.
(Marceli Andresa Becker é estudante de filosofia e professora. Publicou poemas nas revistas Zunái, Germina, Pausa e Eutomia, no Portal Cronópios e em diversos blogs. Participou ainda da Miniantologia Poética do Centro Cultural de São Paulo, organizada por Claudio Daniel, da Pequena Cartografia da Poesia Brasileira Contemporânea, organizada por Marcelo Ariel, e do trabalho Canto Ancestral (CD e livro), do cantor nativista Lisandro Amaral. Na área de filosofia, publicou artigos científicos e ensaios em revistas eletrônicas e mídias impressas. Contato: mab_1109@yahoo.com.br)
Taí uma das poetas contemporâneas de que mais gosto. É sempre uma experiência de espanto e beleza lê-la. Ressalto sua versatilidade poética. Aqui, de um lirismo pungente. Disse uma vez, de sua poesia, ser o milagre do sangue. Nestes poemas, o rastro compassado do vento, a levar as gotas. É chuva fina, mas ainda, sangue. Parabéns para ela e para a revista.
A Mar Becker, só pra variar, com uma peça de rigor e vigor poético. ótimo vê-la aqui na Diversos.
As poesias de Mar Becker são surpreendentes, expressam sentimentos profundos! Adorei, é uma grande poetisa contemporânea!