Atravessamos um agora refletido numa espécie inesperada e inusitada de caos, coincidente com o reflexo do que muitos carregam teimosos ou até raivosos dentro de si: o desequilíbrio evidente, a sombra de um medo avassalador disputando espaços entre os transeuntes das ruas, inseguros em plena luz do dia. Há que se refletir o dissabor do momento, são muitos os avisos de pare, pense, olhe para dentro de si e enxergue o outro como parte de você mesmo. Conscientes desse espaço tempo que desfrutamos, faz-se mais que urgente uma expansão de um polo positivo que podemos acessar dentro de nós, feito de pensamentos, traduzido em sentimentos e ações. Convém não banalizar a chegada dos incertos novos tempos, é muito provável que resista quem conseguir acessar melhores lugares de uma consciência mais alargada. Os espaços da arte jamais perderão seu estado de movimento, transformação constante que o universo impõe. A mudança de perspectivas e de paradigmas nunca foi tão impositiva e real. O instante exige a guinada instantânea de atitudes, sem muitos melindres ou culpas externadas ao que vem de fora. A era exige o afastamento da ideia limitadora de materialidade das coisas todas que nos cercam, exige, sobretudo, uma chance ao amor. Eis aqui, nesse sentido de dar lugar ao espaço intemporal e salvador da arte e do amor, a Diversos Afins construindo e abrindo mais lugares e alamedas desnudadas em muita reflexão e luz. Nessa dinâmica, as janelas poéticas traduzem subjetividades nos versos de Laisa Kaos, Dheyne de Souza, Jorge Elias Neto, Lorena Ribeiro e Dalila Teles Veras. As narrativas cortantes e conectadas de Viviane de Santana Paulo, Carlos Vilarinho e Adriano B. Espíndola Santos nos direciona ao cerne dos acontecimentos. As inspiradoras imagens artísticas de Roberto Pitella atravessam todos os espaços intertextuais aqui presentes, evidenciando em si mesmas uma ideia de expansão da linguagem iconográfica. É Kátia Borges quem nos oferta um percurso de leituras sensíveis para “As solas dos pés de meu avô”, novo livro de poemas de Tiago D. Oliveira. No texto de Wilfredo Lessa Jr., as escutas todas voltadas para “Só”, o novo álbum de Adriana Calcanhotto. A poeta Clarissa Macedo é a entrevistada deste momento, enfocando um pensamento fortemente voltado para alguns de nossos dilemas contemporâneos. O longa chileno “Ema”, do diretor Pablo Larraín, está no centro das atenções da resenha crítica de Guilherme Preger. Por seu curso, Gustavo Rios desfila impressões em torno do romance “Sexy Ugly”, de Paulo Bono. Com toda uma gama de expressões, eis a nossa 136ª Leva!
Os Leveiros