Há 18 anos surgia a Diversos Afins. E eis que apareceu dentro de um contexto de efervescência das produções em meio digital. Era o ápice de blogs e sites dedicados a todo tipo de narrativa no front cultural. Muitos espaços personificavam os estilos de novos autores, individualizando condutas de publicação dos textos. Foi importante testemunhar a aparição de um sem fim de expressões da poesia e da prosa, desde iniciantes e até mesmo dos mais consagrados. Igualmente recompensador foi também perceber a chegada de vários portais e revistas dedicados não somente à Literatura, mas a outras artes, apresentando em seu cardápio multifacetado resenhas, ensaios e textos sobre cinema, teatro, música e outras frentes. Cada um com sua identidade própria, com seu jeito de ofertar aos leitores modos peculiares de estruturação dos conteúdos. No meio dessa borbulhante paisagem, nossa revista figurava como uma janela através da qual parte importante desse oceano de produções se fazia adentrar. Definida a sua política editorial, a Diversos Afins manteve desde o início o intuito de acolher novos autores, em grande contingente inclinados a desengavetar seus escritos pela primeira vez, interessados por oportunidades de publicação. No ofício de se editar uma revista, há muito aprendizado envolvido, sobretudo aquele que decorre das trocas estabelecidas com parceiros, colaboradores e leitores, todos eles, ao fim e ao cabo, se colocando como verdadeiros entusiastas de cada edição. Chegar a mais um ciclo de existência significa muito para nós, pois, mesmo nos hiatos que se impõem à jornada, a vontade de seguir adiante permanece viva. De ânimo sempre renovado, os encontros do presente constroem nossa 153ª Leva. Nela, descortinamos os poemas de gente como Nívia Maria Vasconcellos, Constança Guimarães, Julia Sereno, Camila Passatuto e Christian Dancini. Na cartografia presente pelas alamedas desta edição, as imagens de Zô nos fazem companhia, arte que transborda recortes sutis do cotidiano. Em nosso caderno de cinema, Guilherme Preger nos provoca a ver e sentir “Motel Destino”, filme mais recente de Karim Aïnouz. É Alex Simões quem nos convida à leitura de “onde a água faz a curva”, livro do poeta Matheus dos Anjos. Na entrevista concedida a Gustavo Rios, o escritor Victor Mascarenhas fala sobre os percursos que o levaram à construção de seu último livro, “Sete dias em setembro”. O mais recente livro de Ruy Póvoas, “O Risco e o Laço – traçados do destino nagô”, é tema das apreciações de Tica Simões. Os contos de Neuzamaria Kerner, Adriano Espíndola Santos e Paulo Zan tecem um instigante mosaico de narrativas mundanas. Nas impressões sonoras de Fabrício Brandão, o disco “Milton + esperanza”, fruto da especial parceria entre Milton Nascimento e Esperanza Spalding, agora gira na agulha de nosso Gramofone. É tempo de, com imensa gratidão, celebrar junto a nossos leitores e colaboradores o nascimento de uma outra etapa. Boas leituras e mergulhos!
Os Leveiros