Vicente Franz Cecim
POEMAS CIRCULARES
Noite de nutrições profundas
Para nutrir o Lodo,
tu não escreves Tu
és o Livro
que se lança em todas as direções nas Regiões Escuras: Agora
oO Círculo
cintilante
que te envolve
E nos limites da Esfera,
se te voltas para te ver Fonte
que se jorra,
vê:
o Outro,
Água que no Centro da Esfera ainda Lá és tu de novo, murmurando:
Tu
és o Livro,
que se lança: Chama
***
Celebração das fontes fatigadas
há Desesperos circulares, Tu sabes desesperos
como o do animal no Escuro escuro
Girando
contido no Centro que seu giro gera
E a cada giro, Pura
emissão de intensidade busca as margens para Além das margens
E a cada giro, o Não
Escrita de grades: a palavra Dor não é a palavra Sim
Mais um giro, e eis: a Queda
Luz fenecendo
o Centro que des
morona, des
falece em centro Oo
E se esmorece
o Desespero, e se
se apaga: Se sob a pele Negra olhos se ocultam,
na harpa de grades a pausa é breve e não há Música
pois foi escrito no Bosque Sem Ternuras, em nossa Face: Que os olhos que uma vez se
fechem outra vez se abram,
e eles se abrem,
Cílio sem paz se
acende o Desespero
e Testemunha: as Grades permanecem Lá
E se adormece para os Sonos dos Alívios? Sem
remédio Sem
remédio,
porque sonha Grades
ah, tudo oculta em sonhos a Catedral de cinzas
as Margens
o Círculo
e a chave perdida
Animal escuro,
te tornaste o próprio Centro escuro
Tece teus cílios de Hera sagrada
Cintila
nas noites Sonha
com a Alvura
Não sabes que Outro centroO
te Ilumina,
mais Escuro?
há Desesperos circulares, Tu sabes
***
Asa dos olhos
Quando um Lago
for lançado num Círculo
fora do tempo
por mãos vazias antes do gesto
Quem
estará na Margem
para receber, sem mãos,
as Doações do Centro adormecido
que Se amplia
despertado
em gratidões gratidões gratidões
em Cinzas Cinzas Cinzas
Vicente Franz Cecim é autor de Viagem a Andara oO livro invisível – Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista da Críticos de Arte/Apca, 1988. Edita seus livros no Brasil e em Portugal. Nasceu e vive na Amazônia, Brasil, Belém do Pará.