Ciceroneando

 

Foto: Antonio Paim

 

Nos primeiros movimentos de 2017, os caminhos insinuam possibilidades. Outros tons e cenários se delineiam diante da aproximação de novos criadores. A Revista Diversos Afins aprofunda o interesse por diálogos que representem perspectivas de construção crítica da arte. Tal predileção está associada ao fato de que há de se contemplar o mundo e suas faces através das vias artísticas, isso é inegável, mas deve-se levar em contar o caráter de enfrentamento da condição humana por um prisma também analítico e que seja capaz de promover alguns importantes questionamentos. Autores conferem uma especial dimensão à sua obra quando, ao deixarem de lado as armadilhas do discurso frágil e quiçá panfletário, deslocam suas vozes para um efetivo lugar de representação.  É quando o tempo da inconformidade e da inquietude deixa claras as suas marcas sem que esse processo aconteça de modo gratuito.  Há de se retirar da própria vida o subsídio daquilo que expõe e afirma as identidades de autores e artistas. Nada é em vão. Uma obra é construída notadamente pelas marcas que carregamos, pelo sopro que constantemente atravessa os instantes percorridos. Para entender um pouco tais mergulhos íntimos, individuais e agora aqui compartilhados, servem como referência os versos de Vanessa Dourado, Lucas Rolim, Taís Bravo, Casé Lontra Marques e Myriam de Carvalho. São vozes poéticas que nos convidam a desfrutar dimensões desafiadoras do espírito humano. No contexto da prosa, também os contos de Mariel Reis, Viviane de Santana Paulo e Caio Russo visitam paisagens nada usuais e tampouco confortáveis. Coube a Sérgio Tavares a preciosa tarefa de entrevistar a jornalista e escritora Paula Dip, profunda conhecedora da pessoa e obra de Caio Fernando Abreu. Na entrevista, Paula relembra importantes passagens da trajetória do autor gaúcho e sua relevância para a literatura brasileira. Noutro ponto da nossa edição, Helena Terra apresenta suas leituras para “Bífida e outros poemas”, primeiro livro de Alexandra Lopes da Cunha. Também na esteira dos convites à leitura, Jorge Augusto comenta a estreia de Robson Poeta Du Rap em livro. Quando o assunto é cinema, Guilherme Preger mostra um olhar agudo em torno da delicada temática presente no filme “Eu, Daniel Blake”. É W. J. Solha quem nos indica “Grãos de Esperança”, livro de haikais de Wilson Guerreiro. Por todos os cantos da 116ª Leva está a presença marcante das fotografias de Antonio Paim, cujo trabalho contempla um viés fortemente subjetivo. Com todas essas atuais expressões, abrimos mais um ano de publicações. Desejosos de continuidade, dedicamos essa nova edição a nossos leitores. Que sejam todos bem-vindos!

Os Leveiros

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