Numa recompensadora jornada que sabe a encontros, leituras e expressões da palavra e da imagem, a Diversos Afins completa 13 anos de existência. Poderia ser um mero marco temporal e numérico, não fosse o impacto grandioso que o conteúdo veiculado em nossas páginas e cadernos produziu. Todo esse conjunto de realizações virou realidade a partir da extensa colaboração de autores e artistas das mais variadas vertentes. Desde a sua fundação, em 2006, a revista vem experimentando cenários múltiplos de potência criativa. Com o decorrer do tempo, inúmeras vozes ajudaram a consolidar um projeto que sempre visou divulgar expressões culturais que tivessem como marca fundamental o transitar sensível pelos enlaces de nossas humanidades. Daí, as descobertas, revelações e surpresas foram se manifestando ao longo do caminho, trazendo até nossas levas o gosto perene do aprendizado. O ideal de diversidade pretendido e alcançado é um dos pontos de êxito da revista e, a cada edição que surge, a certeza de que contemplamos vozes peculiares e singulares vai se consolidando. Estar em permanente contato com criadores e suas produções renova a perspectiva do aprendizado com o engenho editorial, pois nos faz prestar especial atenção para todo um universo não apenas de obras, mas, principalmente, de construção e representação de subjetividades. Por trás do artista ou escritor, há o sujeito, com suas experiências, repertórios de vida, modos de pensar, idiossincrasias, sua bagagem identitária e, o que é melhor, sua verdade pessoal, esta última forjada pelo ato impreciso de existir. A identidade editorial da revista contempla também o exercício da resistência na medida em que viabiliza espaços para novos autores e para aqueles que margeiam o chamado mainstream. E falar do exercício de uma resistência implica também em assinalar a presença de vozes minoritárias marcadas tradicionalmente por pressões de apagamento e exclusão, as quais veem na literatura e nas artes uma ferramenta inalienável de sobrevivência das suas subjetividades. Aliás, o próprio ímpeto de tocar a Diversos Afins adiante pode ser tomado como um ato de resistência na medida em que territórios humanos visitados desacomodam expectativas desbotadas. Assim, cada leva aqui delineada serve de impulso para celebrar os encontros servidos a palavras e imagens, gente que se aproxima e nos ajuda a pavimentar as veredas culturais. Pensando nas aproximações humanas do presente, é, por exemplo, o caso da escritora Rita Santana, poeta cuja entrevista revela a potência feminina de uma criadora em estado constante de poesia e enfrentamentos diante dos desafios do viver. Tomados por ventos provocadores dos sentidos, vemos também agora circular entre nós os versos de Alberto Bresciani, Bruna Mitrano, Stefano Calgaro, André Merez e Mell Renault. Relatando sua experiência à frente do Projeto Profundanças, a poeta e performer Daniela Galdino faz um breve balanço do coletivo que privilegia a produção artístico-literária de mulheres das mais distintas regiões do Brasil. Mantendo uma pertinente assiduidade de questionamentos que transitam entre o social e o político, Guilherme Preger discorre sobre o instigante filme brasileiro No Coração do Mundo. No conto inédito de Sérgio Tavares, o denso e provocativo retrato de uma nação e seus equívocos. W.J. Solha comenta o impacto do livro de contos Espantos para uso diário, de Mário Baggio. Na prosa de Ana Blue, corre solta a ironia que recobre nossos movimentos cotidianos. No caderno de música, Wilfredo Lessa Jr. se depara com o resultado de suas escutas para Jesus Is King, novo e emblemático disco do rapper Kanye West. É Geraldo Lima quem nos conduz pelas incursões narrativas contidas no mais novo livro de Lima Trindade, o romance As margens do paraíso. E coroados estão todos os recantos da nossa edição de aniversário com as fotografias de Luiz Bhering, artista que percebe sentido em cada território sobre o qual seu olhar repousa. Dedicada a todos os nossos colaboradores e leitores das nossas mais distintas eras, eis a 132ª Leva!
Os Leveiros