Ciceroneando

 

“Diálogo”: Claudio Parreira

 

Eis que a Diversos Afins completa 14 anos de existência. De lá para cá, navegamos muitas águas, movidos sempre pelos atrativos da palavra e da imagem. Acostumamo-nos ao flerte constante com todas as possibilidades narrativas que dialogam com nosso projeto editorial. Por ser um território difusor de expressões do pensamento através da arte, a revista tem logrado êxito porque, acima de tudo, conseguiu fomentar encontros. Sempre é bom lembrar que, por trás de cada colaboração presente em nossas páginas e galerias, há rostos que subscrevem suas criações, gente de carne e osso que nos conduz pelas alamedas de suas obras. A riqueza maior do nosso trabalho tem sido a construção de uma valiosa memória coletiva de textos e imagens, todos eles tributários de diversos segmentos culturais, tais como a literatura, o cinema, o teatro, a música e as artes visuais. Desde a fundação da revista, em 2006, um grande e plural acervo foi sendo construído e contempla, ao fim e ao cabo, registros de tempos, de movimentos internos dos escritores e artistas que foram sendo expostos voluntariamente ao longo dos anos. Todo o conjunto de publicações advoga pela defesa incontestável da manifestação do pensamento através da criação artística, e é sempre bom reafirmar isso, ainda mais no momento em que vivemos, o qual traz consigo a energia de algum obscurantismo a tentar nos devassar. De todo modo, não cederemos ao ideário de destruição que, por exemplo, teima em dinamitar o campo cultural brasileiro. Seguir adiante é mais do que resistir, significa exaltar vidas, mostrar que cada uma delas tem algo a nos dizer. Por isso, seguimos, prestando atenção nas vozes que se aproximam. E o momento traz até nós os poemas de gente como Ricardo Thadeu, Elizabeth Hazin, Galvanda Galvão, Wesley Peres e Ângela Coradini. É especial a entrevista que Sérgio Tavares fez com a escritora Ana Paula Lisboa, cujo pensamento nos instiga a refletir sobre demandas urgentes de nosso tempo, como é o caso do racismo. Girando no nosso Gramofone, está “Cinzento”, o novo disco de Marcos Valle pelas impressões de Pérola Mathias. Nas linhas de Geraldo Lima, uma leitura para “Cinevertigem”, livro de Ricardo Soares. Nossos cadernos de prosa, são embalados pelas narrativas de Jonatan Magella, Maria Lutterbach e Aleilton Fonseca. Com todo seu apreço pela sétima arte, Guilherme Preger nos brinda com uma atenta análise sobre o filme brasileiro “Piedade”, do diretor Claudio Assis. Nas reflexões de Gabriel Morais Medeiros, a temática da necrocidade perpassa a poesia contemporânea. São as colagens digitais de Claudio Parreira que, com o brilhantismo das inquietações, povoam todos os recantos de nossa nova jornada editorial. Dedicamos a 137ª Leva a todos aqueles que tiveram suas vidas ceifadas pela covid-19, pois para nós essas existências jamais serão meras estatísticas. Nosso muito obrigado a todos os leitores e colaboradores das mais distintas eras. Salve!

Os Leveiros

 

 

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