Viviane de Santana Paulo
CENTO E ONZE
Parado em cima da ponte Rio-Niterói. A voragem. Um ponto indefinido lá no alto, na ponta de uma reta de metal, betão, piche. Carlos Henrique vacila. A dor dilacera o pensamento. A dor arranca-lhe o coração e o estômago. A dor é uma pesada pedra no peito. A imagem de seu filho perfurado, ensanguentado e morto. Fixada na memória como ferro quente. Queima, arde. A ponte, a água dura e profunda. Ele vacila. O vento passa pela face molhada. Não chove. O sol embaçado de poluição e mormaço. O calor derrete. Os olhos chovem. A injustiça abissal. O indestrutível Golias. O sofrimento maior. O peso do mar imóvel. E de novo a imagem do filho perfurado.
Furo, disparo. Tudo o perfura, atravessa o corpo, estraçalha a alma. Dói a realidade dentro dele. Na sua mente perfurada de chumbo. Tiros que o acertam e destroem a vontade de viver.
Esquecer é um bálsamo. Mas a memória dispara a imagem centenas de vezes. E tudo à volta o acerta, fura-lhe os olhos, a boca, o ouvido. Fura o pescoço. O sangue escorre e flui pelos olhos, pelas narinas, pela boca, pelos ouvidos, pelos furos nas veias…
Cento e onze.
No meio de um dia qualquer de novembro, o raio de sol refletia na janela. Nina lia o jornal, sentada no sofá da sala, no apartamento no Rio de Janeiro. Não gostava de ler jornais, raramente abria as páginas de um. Mas comprava de vez em quando no jornaleiro. Ele vendia exemplares do seu livro.
Ao ler os jornais parecia que tudo se tornava um problema. Desde que o povo acordou para a democracia era uma manifestação atrás da outra. Era cansativo! Ela se perguntava quando isso teria um fim e ela podia viver em paz sem as vicissitudes políticas e econômicas, sem ter que responder sobre sua opinião política nos eventos de literatura. Para ela, literatura não tinha nada a ver com política.
Lendo o jornal, os assassinatos a incomodavam. O artigo dizia que mais de sessenta mil pessoas morrem assassinadas em solo brasileiro, por ano. Quarenta e cinco mil, em acidentes automobilísticos. E mais adiante: Cento e onze tiros de pistola e fuzil contra o carro no qual estavam os jovens. Neste ano, são mais de onze mil, quinhentos e sessenta disparos pelos policiais do Batalhão de Irajá. Os policiais de São Gonçalo deram quinze mil setecentos e sete tiros. Somando com os do Batalhão de Niterói e do Bope chegam a quarenta e dois mil e quatrocentos e oitenta e sete mil disparos em um ano, e ainda faltava o mês de dezembro. A foto dos jovens Roberto de Souza Penha, dezesseis anos, Carlos Eduardo da Silva de Souza, dezesseis anos, Cleiton Correa de Souza, dezoito anos, Wilton Esteves Domingos Junior, de vinte anos, e Wesley Castro Rodrigues, vinte e cinco anos, horas antes do fuzilamento, mostrava a cara alegre e inocente de jovens afro-brasileiros.
Os ruídos dos disparos ecoavam. Muitas balas perfuraram o tronco, muitas balas entraram por cima, por trás e pelo lado direito do carro. O policial que mais atirou deu onze disparos com uma pistola Taurus e dezoito com um fuzil imbel M-964 FAL. “É um vazio no coração um pai sepultar um filho assim. Você nunca supera essa dor”.
Ela passou na casa de seu editor, no condomínio CXI, na Av. Costa Barros. Um homossexual com cara de Oscar Wilde e gestos de Woody Allen. Ele, sentado na sala do escritório desarrumado e cheio de livros, propôs: — Escreva sobre isso, então! Se está te incomodando tanto! Há meses que ele parou de fumar e engordou. Mas começou a fazer uma dieta rigorosa com o auxílio de uma jovem nutricionista. E fez um tratamento de branqueamento dos dentes. Sorria um sorriso imaculado. A editora é pequena e o número de leitores restrito, mas ele consegue financiamento de algumas empresas conhecidas do marido dela.
Nina sem inspiração. Não era ruim porque tudo o que ela escrevia seria publicado. O marido possuía amigos influentes que possuíam amigos influentes, e o irmão dela era jornalista. Seu círculo de leitores eram a maioria mulheres e ela vendia bastantes exemplares nas reuniões das instituições de caridades, promovidas pelas empresas dos conhecidos de seu marido. As boas resenhas nos jornais eram por conta dos amigos de seu irmão.
Cento e onze. Wesley Castro deixou um filho de dois anos. Wilton ia se formar como técnico em administração. Carlos Eduardo tinha acabado de concluir um curso de Petróleo e Gás e se preparava para tentar concurso para a Marinha. Roberto era Jovem Aprendiz no Atacadão de Guadalupe. “Primeiro emprego. Estava rindo à toa, estava bem com a vida. O primeiro salário que recebeu foi brincar no Parque Madureira com os colegas dele”.
Antes de voltar para casa, Nina passou no supermercado e fez a compra da semana. E cinco ramos de copos-de-leite brancos. Quando seu marido chegasse a janta estaria pronta. Ele reclamava que ela perdia tempo escrevendo ou lendo, mas quando alguém nasceu para escrever, ele somente poderá ser impedido se de alguma forma for morto. Como ela não se deixava matar, ela escrevia ainda mais. Seus três filhos quase a assassinaram, mas a empregada salvou-lhe a vida. Sem a Val ela jamais seria o que é agora, uma escritora mediana, casada com o superintendente de uma grande empresa, com três filhos homens adolescentes e o sobrinho que veio morar com eles depois da morte dos pais, em um acidente de automóvel.
O PM botou o fuzil na cara de Márcia Ferreira, mãe de Wilton. “Ninguém se aproxima do carro”, berrou. A mãe viu o seu filho e o amigo Carlos ainda vivos, gemendo. A mãe foi ameaçada por policiais, ela viu quando um deles colocou uma arma no chão, ao lado do carro, e tirou a chave do contato, jogou-a no porta-malas do veículo. “Minha cunhada queria ver o filho dentro daquele carro, mas o PM botou o fuzil na cara dela e disse que ia atirar em quem se aproximasse do carro. Quando chegamos deu para ver que o Wilton e o Carlos agonizavam e ainda estavam vivos. Pedimos para socorrer, mas eles não deixaram”.
Cento e onze pássaros alçaram voo. O bando estava pousado na árvore e no muro do grande jardim. Cinco ninhos nos galhos das árvores. A tarde caía. Nina sentou-se à mesa e não conseguia começar. Não sabia o que narrar sobre os cinco jovens assassinados pela polícia dentro de um Fiat Palio branco, enquanto voltavam para casa. Roberto tinha recebido seu primeiro salário como auxiliar de supermercado e os cinco amigos foram comemorar. Moravam no Morro da Lagartixa, no Complexo da Pedreira, onde os jovens negros morrem ou nas mãos dos bandidos ou da polícia, um bairro distante de onde Nina mora. Era como se fosse em outro país, em outro continente. Precisar conviver com a incerteza se o filho será vitima ou algoz. Era como uma guerra civil, um genocídio camuflado de perseguição e execução de criminosos. Horas antes a polícia tinha recebido um aviso sobre um roubo na redondeza e os suspeitos estavam dentro de um carro e uma moto. Na Curva Vinte e Um apareceu um carro e uma moto e isso foi o suficiente para a polícia atirar. Despreparo. Salário baixo. Risco de vida. Psicopatas. Psicologia. Despreparo.
Um dos países onde mais se mata.
Nina tinha medo de ir àquela região da cidade, mas buscava escrever uma história autêntica e para isso queria conhecer as famílias, as mães, pelo menos uma, precisava conversar com ela, saber sobre a vida dos rapazes. Soube, por meio de outro artigo de jornal, que o pai de Roberto foi um dos primeiros a chegar ao lugar da chacina, e não consegue esquecer a imagem do carro perfurado com o filho dentro. O adolescente recebeu 16 tiros. Soube que o alarme de Roberto toca regularmente às 6h30. O pai não sabe mexer no computador do filho para desativá-lo, e ouve o alarme tocar de segunda a sexta. O filho, de dezessete anos, nunca mais acordou para ir à escola.
O alarme tocou, seis e meia da manhã. Nina levantou-se e foi ao quarto acordar os meninos. Cinco luzes acesas. Eles tinham que ir à escola. O mais velho era o que mais lhe dava trabalho e era o último a se levantar. O sobrinho era o primeiro a se levantar. Eles não tomavam o café da manhã, se arrumavam e logo saíam.
— Não se esqueçam de passar o protetor solar. Vocês têm a pele muito sensível!
Dois iam a pé, caminhavam pelas ruas do bairro até chegar à escola, atrás de uma praça arborizada. O sobrinho e o de dezesseis anos pegavam o ônibus especial da escola particular que passava na rua de cima.
Cento e onze. Gritos. Eram amigos de infância. Cinco amigos. No selfie, um deles sorri metálico com o aparelho corrigindo a felicidade. Cinco vidas. Josita, mãe de Roberto, morre três anos mais tarde, sem forças, anêmica, aos quarenta e quatro anos. Wilkerson, quinze anos, irmão de Wilton, que estava em uma moto com um amigo e conseguiu fugir dos disparos, morre de aneurisma cerebral, um ano depois.
Nina falou com a Val, que morava no bairro vizinho, sobre a possibilidade de vir a conversar com alguém da família.
— Você enlouqueceu? Foi a pronta resposta de Val. Eu não conheço ninguém daquele bairro. Não piso os pés lá.
— Mas você não poderia ver se alguém conhece uma daquelas mães?
— De jeito nenhum! E como você vai até lá? Nem táxi circula naquela região.
— Mas as pessoas vivem lá. Há muitos que vivem lá e não são todos criminosos. São a maioria gente como nós. Não são? Como eu e você que batalhamos na vida!
Uma série de argumentações passou pela mente de Val. Ela não era como a patroa. E respondeu apenas, “eu não posso lhe ajudar. Pergunte ao seu irmão, ele é jornalista!”.
De repente, a chuva.
— Val, tira a roupa do varal. Está começando a chover! Val correu para o quintal. Mas, não demorou muito, a chuva parou. Cento e onze gotas de chuva na poça no quintal.
“Não atira! Somos moradores!” O braço para fora do carro em sinal de aviso. “Não atira! Somos moradores!”
O maxilar solto por causa da potência das balas, pendurado
Cento e onze.
O advogado pediu ao Tribunal de Justiça que obrigasse o Estado a custear atendimento psicológico para mãe e filha. Em primeira instância, o pedido foi negado — a juíza considerou que a solicitação só poderia ser atendida após a condenação dos PMs.
Cento e onze.
Nina pensou que a Val sempre a teve nas mãos. Ela era de confiança, rápida no serviço, prática, gostava de crianças e Nina não sabia de onde ela tirava tanta sabedoria sobre o relacionamento entre as pessoas. Há vinte anos que ela trabalhava na família. Com a convivência se afeiçoaram uma a outra. Val era determinada, Nina podia se dar ao luxo de se perder na realidade, o luxo do devaneio.
Adriana, mãe de Carlos Eduardo parou de falar. As palavras estraçalhadas dentro dela, a mudez sufocando. E o grito, a agressividade, os antidepressivos. As tentativas de suicídio. O mar. As ondas para engolir a dor. A dor acorrentando os pés. O caminhar no pântano. Na mão uma carta do filho, presente do Dia das Mães: “Escrevo essa carta para te dizer que tenho a melhor mãe do mundo, não porque seja a minha, e sim porque, se buscasse no mundo inteiro, não vou encontrar outra igual, nem parecida”. Monica Aparecida Santana Corrêa, mãe de Cleiton, vive à base de antidepressivos e medo de sair de casa.
O marido chegou do trabalho. Nina preparou a janta que Val cozinhou. No prato, cento e onze grãos. O filho mais velho fez dezoito anos, no mês anterior, e ganhou um Audi A3 sedã branco de presente. Desde então ele não respeitava mais o horário da janta. Nina o orientou a não sair do bairro, não dirigir o carro por aí, longe. Aquele bairro era seguro, os dois bairros vizinhos também, mas ao se afastar para a zona norte, poderia acontecer roubo ou rapto. Nina se preocupava. Quatro jovens em casa, quatro filhos lhe davam trabalho. Nervoso. Paciência. Paciência. Nervoso. O de dezesseis anos costumava deitar a cabeça em seu colo, no sofá da sala, vendo televisão. Ele tinha crescido. Desta vez, Nina deitou a cabeça no peito dele. Cento e onze batidas do coração. — Lembro de quando você nasceu, um bebê gorduchinho! Meu fofo!
Cento e onze. Márcia Ferreira de Oliveira, mãe de Wilton: “Que segurança é essa nossa que a gente é patrão deles porque o pagamento é a gente que paga com o nosso suor e a gente paga para eles poderem matar os nossos filhos da forma que o meu filho e os amigos deles de infância foram mortos? Não tinha bandido dentro daquele carro não. Tinha um bando de adolescente querendo se divertir, querendo fazer de um sábado um dia diferente, um dia de alegria, e hoje eu estou aqui, na porta do IML tirando o corpo do meu filho dali. Que UPP é essa? Ele acabou com cinco famílias. O meu filho tinha 18 anos, mas era uma criança. Ele deitou no meu colo e falou ‘mãe me faz um cafuné?’, como se fosse um bebê. E amanhã eu tenho que enterrar o meu filho”.
A mãe saía para trabalhar, Wilton fazia o jantar e cuidava da irmã pequena, de 6 anos. De vez em quando, ela o chamava de “pai”.
Um ano depois, Nina sentou-se à mesa e não conseguia escrever. Não sabia o que narrar sobre os cinco jovens assassinados pela polícia dentro de um Fiat Palio branco, enquanto voltavam para casa.
No apartamento de seu editor, sentado na sala do escritório desarrumado e cheio de livros, ele propôs: — Escreva então sobre os refugiados! Faça uma viagem pela Europa e escreva sobre os refugiados. Este é um tema que está em voga atualmente, e é um tema internacional. Seus avós eram húngaros, seu marido é descendente de italianos. Conte a história de sua família! Seus avós fugiram, na época da guerra, eram judeus, não eram? Escreva sobre isso! Para ser sincero, eu sabia que você não conseguiria escrever sobre estas mortes. Elas acontecem demais! Fazem parte do cotidiano brasileiro. Nós, brasileiros, lemos isso nos jornais o tempo todo! Esses jovens não são os primeiros e não serão os últimos e a maioria da população não se importa. Este é um tema muito vinculado à vida na favela e as favelas não são o Brasil. Favela é favela! Isso não é um tema internacional e você não conseguiria vender os livros nas instituições importantes. Eles não gostam destes temas polêmicos! E poderíamos ter problemas com a polícia e com o financiamento para a publicação. Eu somente sugeri para você pensar e se ocupar um pouco. Você mesmo veria que não é pra você, e foi o que aconteceu. Escreva sobre os refugiados na Europa, sobre a ditadura e a imigração brasileira! A matança nas favelas é horrível, mas a maioria não consegue se identificar com isso e não quer saber de violência, droga, crime, policiais despreparados, corruptos, sanguinários ou bandidos cruéis ou jovens inocentes. Já chega os filmes norte-americanos! É um tema muito pesado! É um tema masculino! Você não é Paulo Lins ou Drauzio Varella! Escreva sobre a ditadura! O tio-avô de seu marido não esteve preso? Você me falou disso certa vez. Uma namorada dele sumiu. Ela era professora na universidade e foi depor, depois disso nunca mais foi encontrada. Vamos pensar em um livro que possa lhe trazer prêmios internacionais!
Uma centena, uma dezena, uma unidade. Um número harshad mais um. Jorge Roberto Lima e Penha, pai de Roberto, trabalhava de montador da Odebrecht e faz faculdade de Direito. “Ele era quase um bebê, e não vai poder nem me ver de beca. Não é por mim, em si, porque tudo que sempre fiz foi pelos meus filhos.”
Cento e onze.
“Quando ando com essa cara triste pelo morro escuto as piores coisas que uma mãe pode ouvir. Dizem que vai doer menos se eu me conformar, que não sou a única no mundo a ter perdido um filho, que eu quero ficar famosa. Já me falaram até que não tenho motivo para sofrer porque fiquei rica com a indenização do estado. O governo não nos deu dinheiro algum, e a verdade é que não quero um centavo. Só quero sair daqui. Preciso salvar meus outros filhos.”
“Às vezes, ela volta do trabalho chorando o caminho todo. Era o único filho. Só tinha o Wesley!”
Nina partiu para a Europa, passou três semanas. Os rapazes foram junto. Visitaram diversos pontos turísticos e Nina recebeu autorização para visitar um campo de refugiados, na Grécia, mas não quis expor os rapazes àquela realidade deprimente de pessoas presas. Guerra, miséria, pobreza, promessa, ilusão. Ainda mais que o sobrinho terminou o tratamento psicológico há pouco tempo. Dois anos fazendo terapia por causa da morte dos pais. Nina dedicava-lhe, às vezes, especial atenção e pedia para os outros garotos terem paciência com ele, ajudá-lo. Eram bons rapazes, carinhosos, bons filhos. Levou-os para curtir a praia turquesa e mansa. Crepúsculo rosado. Cento e onze estratos transparentes no imenso azul do céu.
— Não se esqueçam de passar o protetor solar. Vocês têm a pele sensível!
Ela escreveu um romance sobre uma fotógrafa apaixonada por um refugiado sírio, engenheiro, que consegue falsificar os documentos e acompanhá-la para o Brasil. Menção à ditadura grega e brasileira. Ganhou um prêmio internacional.
Cento e onze disparos atravessaram a lataria branca do automóvel, entraram no corpo macio e quente dos jovens, perfuraram os ossos, transpassaram o tórax, o quadril, o abdômen, o pescoço, estraçalharam o queixo, a cabeça… o sangue gelatinoso e escuro espalhou-se no assento, no chão. Cento e onze balas de ferro, duras e mortais, geladas e inanimadas. No céu o final da tarde. À noite as estrelas caladas. Sem brilho. Assustadas.
“Quem deveria nos proteger está nos matando”.
Cento e onze.
“Cada vez que escuto um tiro penso no que Cleiton sentiu quando entrou a primeira bala. Não consigo parar de pensar nisso. Nenhuma mãe suporta ver um arranhão em seu filho, imagine vê-lo transformado em picadinho. Meu filho foi enterrado nu, porque não era mais um corpo que pudesse ser vestido.”
O filho mais velho de Nina, agora com vinte anos, conseguiu o seu primeiro emprego como assistente de auditoria, através da recomendação do pai. O seu curriculum foi o menos atrativo, ele não tinha experiência e estudou em uma faculdade particular. O mais velho nunca foi de estudar, faltou muito nas aulas e pagou amigos estudiosos para escrever os seus trabalhos. Mas no final, tudo deu certo e ele conseguiu o diploma de administrador de empresas. Um mês depois ele recebeu o seu primeiro salário. Estava feliz. Encontrou os irmãos, na quadra de tênis do prédio, e um amigo dele. — Vamos pro restaurante, no shopping?
Naquele início de noite, vento fresco e cheiro adocicado no ar. Alegres, os cinco jovens saíram com o Audi A3 sedã branco e foram comemorar.
Viviane de Santana Paulo é poeta, tradutora e ensaísta, autora dos livros, Viver em outra língua (romance, Solid Earth, Berlim 2017), Depois do canto do gurinhatã, (poesia, editora Multifoco, Rio de Janeiro, 2011), Estrangeiro de Mim (contos, editora Gardez! Verlag, Alemanha, 2005) e Passeio ao Longo do Reno (poesia, editora Gardez! Verlag, Alemanha, 2002). Publica poemas em revistas e jornais, entre eles, Suplemento Literário de Minas Gerais, Inimigo Rumor, Jornal Rascunho, Poesia Sempre e Coyote; assim como nas revistas Argos e Alforja (México). Atualmente, vive em Berlim.