Ana Pérola Pacheco
Quando quebrar não é suficiente
A vida me causa espasmos
E eu permaneço ao chão
Um caco que não quer adentrar – e não vai!
Uma ferida aberta, que jorra
Que glorifica o prazer de
Ainda suspirar – e sorrio!
A vida me intensifica
E sobretudo,
Acredito e cicatrizo – continuo!
***
fragmento
Achava legal a superficialidade porque a comparava como as bordas das coisas, como as cascas das frutas, onde, por exemplo, fica concentrada a essência do sabor. Depois, aprofundar qualquer coisa que fosse, era preciso coragem. Nem todo mundo está disposto a espinhar-se. Os dias soltam venenos. Os dias superam. Amanhã o céu será mais azul, e mataremos a sede no suor que escorre sal-ga-do!
***
22:22
toco o breu, meio ao jardim na sua cabeça de rosas
……………………………………………………………………………..sangrentas
……………………………………….e salivo.
paladar só assim.
infinito.
***
Ela queria ser seu casaco inúmeras vezes. Não! Não falo deste grudado no seu corpo que insiste substituir a quentura da minha alma, aquecendo sua meia-estação. Ela se refere ao que você leva nas mãos em caminhadas noturnas. Ela fala deste, deste que te faz decorar cheiros.
(Ana Pérola Pacheco (RJ – 1988), mora em Florianópolis, é poeta, fotógrafa, tem ensaios publicados na Revista Ellenismos, exposição fotográfica e conto na Revista Cruviana. Além de escrever em redes sociais e em seu blog Sentidos, é colaboradora no Poesia: Falsidade Ideológica e no projeto infantil Para Qualquer faz de Conta e atua também na área de Recursos Humanosma qual é graduada)
Estive aqui apreciando cada sílaba e o natural questionar-se sobre a ordem das coisas, o que você faz com sutileza e precisão de linguagem.
Estive aqui contemplando a sua fala moldada não apenas para o meu deleite, mas também para minha reflexão.
Abraços,
A Ana Pérola possui uma delicadeza que comove e inspira.
Admiro pessoa e trabalho tanto como fotógrafa quanto poeta.
Beijos tantos…