Ramayana Vargens
FLORESTA DE MIM
Tristeza, tédio ou transbordamento.
O desespero solitário da noite
aprende na espera penosa
da aurora ou crepúsculo.
Tronco, galho ou raiz
faço folha, flor e fruto
.do sumo da terra que sugo
e do vento que bebo da lua.
O sangue que me faz
viva planta verdejante
.viçosa
é seiva de sol derretido,
ouro em pó das estrelas,
fogo e luz no sereno do mar.
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REFERÊNCIAS
Filho da palavra
trabalho
o estilhaço do verbo singular
Irmão de órbita
exponho
a vez no espaço do salto pessoal
Companheiro do triz
frequento
a invenção desigual do saber
A lâmpada perpendicular do sol
não apaga manchas suspeitas
na bacia das estratégias de emergência
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FRUTOS E VÍNCULOS
Fugidia e frívola alforria
é tornar-se refém sem futuro
ou fiel funcionário afetivo
dos laços ferozes
das paixões fugazes
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DITOS BRAVOS
Ricos versos
côncavos convexos
complexos íntimos
tímidos reflexos
curvos riscos
sádicos perversos
.ínfimos trapos
fixos nas tripas
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VIM DE LÁ
O mundo é o resto
do quase nada que sobrou
quando o universo aconteceu
no buraco negro que explodiu
no vazio da inexistência
***
!?…
Moro dentro da minha cabeça
nunca tirei férias do coração
Ficar pensando é meu desemprego
Permanente
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FAUNA DOS VERSOS
O lado bicho do poeta
guarda instintos animais
misturados
no seu espírito de gente
Nas invenções
é macaco esperto
ferramenteiro improvisador
No salto
se faz felino adestrado
no tino da distância precisa
O impulso persistente
quando ousa
vem dos cães que vigiam montanhas
Na potência preferiu ser cavalo
não touro
O bicho poeta se veste de camaleão
Ramayana Vargens é Jornalista, professor de literatura, contista, poeta, autor e diretor teatral. Carioca, naturalizado baiano. Membro da Academia de Letras de Ilhéus.
Belos poemas do grande Ramayana!
Grande ser humano! Grande cidadão! Um imenso poeta! Ramayana Vargens é uma preciosidade!! Muito respeito e carinho pela trajetória tão necessária, tão linda deste artista querido!
Parabéns, Fabrício! A revista está cada vez melhor!