Janela Poética IV

Rosana Banharoli

 

Foto: Milena Palladino

 

 

jamais pluma
diante do abismo
lágrimas represadas
comportas erguidas
a concreto e culpas
destino mesmo
depois de chão
:pedra
pedra sem perdão
e ascensão
:pedras atiradas
num jogo de dados

 

 

***

 

 

comungo
companhia
em lua opaca
[a minha]
desbotada
de tentativas
[tamanhas]
esgotada
de partidas e pedras
[grito pra dentro]
explode o poema
em ventre seco
[esse e todos os outros]

 

 

***

 

 

no fundo da noite
o uivo multiplicado
corta a conversa
de sonhos
e dá voz
ao holocausto
:silêncio do medo

 

 

***

 

 

para Julieta Bacchin

 

olhos felinos
de arranhar
salivas e sêmens
& comê-los
em instantes
: cristal de corte
sangue vivo
desejos
vértice de máscaras
& fantasias
longe
talvez cinzas
ou flores místicas
de prazer, talvez
,navegação

 

 

***

 

 

Aqui jaz

Do arrebol,
Andejo por um só caminho

A noite baixa densa                    desdentada

À espreita,
Solitário raio de sol
Vem se deitar comigo
E, misturado a terra orvalhada
Desiluminar a sombra
De meu futuro                             outrora

 

 

 

(Rosana Banharoli é autora de Ventos de Chuva, poesia, Scortecci, 2011[Fundo de Cultura de Santo André]. Participa com dois contos no  livro de Maitê Proença, É duro ser cabra na Etiópia, Ediouro, 2013. Alguns  poemas são do livro inédito, Cartografia em Construção, realizado após breve estada na Casa do Sol-,IHH em novembro de 2012. Publicada em mais de 20 Antologias através de premiações em Concursos Literários e em diversos sites, blogs e revistas literárias)

 

 

 

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1 comentário

  1. Lisonjeada por estar publicada nesta revista. Obrigada, muito obrigada.

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