Jorge Augusto da Maya
Postal
O
sol eletriza
o corpo
da negra-cidade
recarregando
baterias solares
que a gente daqui
porta:
orgânica e uterina
(africarnada
na alma da cidade)
qual
pilhas de energia
intestina
assim: se
a engrenagem do
dia arde
sua fisionomia
o sol
acende o
cio da cidade
– Em simetria: solamaresia
***
Em casa
cada dia se dizia menos
o silêncio foi comendo toda palavra
até que não sobrou mais nada
mesa vazia, afeto desfeito
sem tato, sob o mesmo teto
alegria desbotando no porta retratos
estante escorada na parede
tv dizendo o que ninguém mais escutava
aquela ferida aberta no meio da casa
como um buraco negro
uma vala q aberta no meio da sala
cabia qualquer palavra
– boa noite pai.
não havia mais nada
***
Open
Exit. Êxito. Exílio.
quanto mais digo
me afasto
do que persigo.
palavra por palavra
armo
poemas que hesito
por todas as portas
de entrada saiu
do lugar q não existo.
melhor calar agora,
que ficar
falando em círculos.
o que busco é algo
algum alguém
pra além deste q digo
depois do exit
***
Os verões do corpo
A madrugada côa,
em seus escuros, ecos de luzes
restos do dia.
…………….. dejetos do dia.
no breu minguante da madrugada,
vagalumiava clarões no pensamento:
A imagem dela se acendendo
Faz a febre,
de um sol aceso dentro do corpo,
com seus todos fogos
a noite escoando seu escuro
surrealiza tuas pernas abertas na
neblina do sono
a noite, toda consumida
em seus infernos,
me enterra nas cinzas do sono.
Jorge Augusto da Maya publicou poemas no livro “Antilogia” e na antologia “Poesia quebrada de quebradas”. Tem poemas e textos publicados em jornais e revistas, entre eles, Germina Literatura, Revista Cronópios, Revista Diversos Afins, Jornal Bahia Notícias. Atualmente, é docente na Universidade Estadual da Bahia e editor na Organismo editora.