Helena Terra
Imperfeito do subjuntivo
Tomasse eu o seu eco,
nua ao som do seu corpo,
espalharia por sua saliva
a ferida presa aos meus lábios.
Tomasse você
o que se esconde
sob os meus olhos fechados,
perceberia os cacos do amor inutilizado
e o quanto guardava esperanças
o indefinido retrato.
***
Parapeito
Na inevitabilidade
da memória
não há reparo.
O parapeito
do desejo é
como um cárcere
cimentado
em desmedida
solidão.
***
A condição indestrutível de ter sido
Arranca do interior
a pele do meu livro,
escrita inconstante de um silêncio
incerto como os movimentos de meu corpo,
como as cápsulas guardiãs
dos mitos e dos suspiros,
das linhas que não ultrapassam e
não respiram
a condição indestrutível de ter sido
por alguém
um amor perdido.
(Helena Terra Camargo é jornalista e escritora. Nasceu em Vacaria, mas mora em Porto Alegre. Participou da Oficina de Criação Literária ministrada por Luiz Antonio de Assis Brasil (com publicação na coletânea Contos de Oficina 23) e participa dos seminários de criação literária de Léa Masina. Participa do blog Falsidade Ideológica e administra o blog coletivo Mínimo Ajuste)
Leila,
Ficou muito bonito :)
Obrigada pelo convite!
Sou super fã da Catharina Suleiman.
A imagem quebrada fechou inteira com as minhas palavras.
beijoss
Muito bom. Um amadurecimento claro na escrita. Só senti a falta de referência ao Bípede…que amo. Encerrou? Beijos
Helena Terra é muito talentosa. Sua poesia é cheia de doce sensibilidade. Parabéns, Helena! Parabéns, Diversos Afins!
Tania, o link do Bípede Falante está no nome da autora.Bj
Sou fã incondicional da Helena. Ela tem uma escrita que jorra do interior para se sentir à flor da pele.
Maravilha encontrá-la AQUI também. Os poemas mostram a sua maturidade poética. Não me canso de Lê-la, Lena. E os que não a leram, Ou não a leem (sempre), não sabem o que estão perdendo.
Beijoss,
José Carlos
P.S.: A Leila que, por certo, você não a conhece é uma pessoa maravilhosa!
Para mim é um duplo deleite: Lelena Terra Camargo com foto de Catharina Suleiman. O que mais um leitor pode querer?
abraços.
Obrigada, pessoal :)
José Carlos, lamento muito não conhecer vocês pessoalmente. O mundo pequeno às vezes é grande e vice e versa. Mas quem sabe um dia???
Eleo, você é um deleite ambulante!
AC, e eu sua :)
Carlos, obrigadíssima!!!
Tania, o bípede está saindo de cena por uns tempos. Um dia, volta.
beijos a todos :)
“A condição indestrutível de ter sido”… Helena Terra, somente os poetas de verdade conseguem um verso desse (porque o título já é o verso principal do poema). Parabéns