Marcus Groza
aprendo
a tática
dos gravetos
me aninho
em labirintos
e territórios alheios
se perco
quebro me inflamo
ou falo sozinho
não é porque
a febre dos sinais
me galopem a esmo
cego
aceno o diálogo de poucos
porcos especialistas em pérolas
mudo
de discursos e sílabas
ora teimosia de um barco a velas
ora colossal
qual monstro ou surdo
ritmando mínimos tremores de terra
cajado inimigo
tacape em punho
invisíveis cirurgias nas vértebras
***
detrator azucrino
atravesso a paciência
com a pontinha dos dedos
calcifico as desvantagens
faço cafuné e coço
do cóccix ao meio do céu
pernas inquietas em síndrome
de reclamar mil calcanhares
bem antes do salto o chute
e infecção no canal da lágrima
só dando nó em agulhas
é que massageio os ossos da face
***
o duro nódulo
parto
no muque
ou com uma gafe
desdobro
os laços
canhestro
trombo
nas etiquetas
rasgo
com o sabre
devagarzinho
faço butim do sumo
arrebato só o recheio
escambo sem bodas
brindo a quem
só nos receita
ir ir e colisões
(Marcus Groza é poeta, dramaturgo, professor e devoto do céu violado. Autor do livro de poemas Do Buraco à Poça (no prelo – Editora Patuá), escreve regularmente no blog Pelas Ventas e Membranas. Além de literatura e teatro, interessa-se por música experimental e intervenção urbana. É Mestre em Artes pela Unesp e graduado em Filosofia pela USP)