Vanessa Carvalho
há
no inverso da pele,
o universo.
***
olhos de sertão:
nunca mais
choveram.
***
sobre telhados,
entre pipas e casas
os meninos
sem morada
querem
estar mais perto
de um céu.
***
partem
e nos
partem.
***
só,
desabotoa a pele
e fica
alma.
***
o verso
riscado no chão,
era pisado,
ninguém via.
até
que um cabisbaixo
o leu um dia.
***
havia saudade,
mesmo estando
na mesa,
sentados
frente a frente.
***
o jazz
que toca
o toca
sozinho
na mesa
não está
tão só:
saudade
no mesmo tom
do sax
que entra e
percorre
sem pressa
toda a
anatomia intergaláctica
do interior
e não sai
saudades
deveriam ir
na bagagem
Vanessa Carvalho mora em Recife e às vezes no Filosofia de quinta.