Ciceroneando

Foto: Marcelo Leal

 

Cada edição que desponta no horizonte de nossa caminhada desperta sempre o gosto por ares renovados. São indicativos de que outras escutas seguem abertas e se fazem presentes. Tais inclinações nos levam a conhecer vozes do mundo cultural, subjetividades que, acima de tudo, projetam o desejo de uma existência quiçá mais plena, dado o componente de que provavelmente a arte seja, em suma, vetor de uma consciência mais ampla acerca do mundo e seus fenômenos. E não estamos aqui a falar somente da arte que intenta contemplações ou fruições estéticas das mais variadas, mas também aquela que é capaz de conectar seus protagonistas aos mais difusos anseios contemporâneos. Nesse sentido, cultura e sociedade são um par indissociável, deixando entrever desdobramentos de cunho social, político e econômico, para não mencionar outros aspectos plausíveis. É perceber que todos nós somos agentes de possibilidades vivas de transformação, condição esta que tem como ponto de partida o plano individual de cada sujeito, seu repertório pessoal. Quando essa dimensão particular se espraia na esfera pública, tomamos conhecimento do potencial que cada criador compartilha com o mundo externo. Por isso, ler, ver e sentir as obras é fundamental numa jornada como a da nossa revista, pois esse gesto revela descobertas e norteia direções que oxigenam os caminhos editoriais. É, então, com esse entusiasmo que acolhemos agora toda a expressividade marcante de poetas como Rita Santana, Karine Padilha, Luciana Moraes, Bianca Monteiro Garcia e Jussara Salazar. Nesta nova edição, somos visitados pelas fotografias de Marcelo Leal, numa exposição de imagens que remontam aos detalhes poéticos do mundo. No caderno de teatro, Vivian Pizzinga desfila todas as suas atentas impressões para a peça “A palavra que resta”. Por sua vez, Guilherme Preger traz análises importantes sobre o provocante filme “A Substância”. Com uma resenha sobre “O inquilino das horas”, livro do poeta Nílson Galvão, Maruzia Dultra nos convoca a expandirmos nossos territórios de leitura. Numa entrevista especialmente centrada em seu mais novo livro, o escritor Marcus Vinícius Rodrigues dialoga com Fabrício Brandão sobre seus processos criativos. Nos cadernos de prosa, os contos de Cecília Vieira e Rodrigo Melo denotam diversidades inventivas. O livro de poemas de Kátia Borges, “Dias amenos”, recebe os mergulhos valiosos de Sandro Ornellas. Como não poderia faltar, gira na agulha de nosso Gramofone o mais recente álbum do pianista Amaro Freitas, com um texto que revela as apreciações de Rogério Coutinho para esse importante trabalho do artista pernambucano. Eis a nossa 154ª Leva. Boas leituras e que venham instigantes ventos culturais em 2025!

Os Leveiros            

 

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