Ciceroneando

 

Foto: Cristiano Xavier

 

Passadas 140 edições da revista, cá estamos a contabilizar os efeitos dos encontros promovidos. No decorrer do tempo, o agregar de palavras e imagens consolidou ainda mais os nossos propósitos editoriais, tornando o ambiente de publicações profundamente marcado por expressões bastante distintas. No campo das subjetividades, uma profusão de singularidades vem ganhando corpo e mostrando, a cada nova leva, vozes comprometidas com a criação artística nas mais variadas frentes. Há muitas visões de mundo assinaladas nesse caminho, muitas delas notadamente imbuídas do desejo de transformação das coisas. Transformação que se desdobra em matizes diversos, a exemplo daqueles de natureza social, política e cultural. É quando autores percebem seus trabalhos como instrumentos possíveis de reflexão sobre a realidade. E tal constatação não se mostra contrária a uma noção de fruição do gozo estético que cada obra sugere. Notamos que é perfeitamente possível, por exemplo, harmonizar ideais estéticos com o exercício ativo de uma consciência crítica que emana dos trabalhos artísticos. Ao que nos parece, o grande desafio dos autores é saber lidar com as armadilhas do discurso que movimenta suas criações, afastando-se de qualquer noção de gratuidade, falta de embasamento, desconhecimento do processo histórico ou ímpetos de cunho meramente panfletário. Assim sendo, talvez fosse possível arriscar que ninguém passa incólume aos imperativos do seu tempo, mesmo que se recuse a professar isso na materialização de sua arte. De toda sorte, os sintomas do mundo vão marcando a presença dos autores na Diversos Afins. É o caso agora dos poetas Alberto Bresciani, Milena Martins, Alex Simões, Sara F. Costa, Felipe Fleury e Adriana Linhares, que com seus versos nos atravessam com doses pungentes de realidade e ilusão. Nas reflexões de Helena Terra, as marcas do romance “Entre outras mil”, de Rochele Bagatini. Percorrendo o terreno das delicadezas da memória afetiva, entre outros afins literários, Clarissa Macedo entrevista o poeta Tiago D. Oliveira. Nossos cadernos de prosa de agora estão assinalados pelas porções de vida presentes nos contos de Marcus Vinícius Rodrigues e Geraldo Lima. É Larissa Mendes quem desperta nossas escutas para o disco de estreia da banda Varal Estrela. Pelas veredas da sétima arte, Guilherme Preger analisa “High Life”, o denso e provocante filme de ficção científica da diretora Claire Denis. Na resenha de Rafael M. Fogaça, atenções voltadas para “O Amor é um abismo furtivo”, livro de Adriano de Paula Rabelo. E são as fotografias de Cristiano Xavier que transitam em todos os espaços da nossa atual jornada, um trabalho artístico devotado especialmente a registros de verdadeiras raridades da natureza. Eis a 140ª Leva da revista. Seja bem-vinda (o), cara leitora (o)!

Os Leveiros

 

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