Ciceroneando

 

Foto: Fátima Soll

 

Por entre palavras e imagens, a tessitura da vida se anuncia. São formas e formas de se conceber o mundo em suas possibilidades de expansão dos sentidos todos. A experiência do ontem e a estimativa do futuro que não sabemos como será ao certo atravessam linhas, moldam versos, irrompem na profusão de cores abrigadas em telas e fotografias. E o agora está sempre a nos pedir atenção quando tenta nos mostrar que a pulsação da existência é algo inadiável, está bem diante de nossos insones olhos sempre ávidos pela novidade. Nesses interstícios, escritores e artistas ousam ir além, posto que tendem a captar aquilo que se abriga nos recônditos da rotina. Tais artífices nos devolvem o produto de suas inquietações, percepções sobre as andanças num solo que também pode estar compreendido em nossos domínios e expectativas. Ainda assim, a surpresa causada pelo inusitado também pode fazer morada entre nós, provocando e nos fazendo desacomodar lugares acostumados. A partir de estados de efusão, contemplação, silêncio, dor e outros tantos mais, a própria vida demanda dos criadores que movimentem suas obras. Dentro dessa lógica, não há uma ordenação fixa para o pensamento e cada traço autoral desafia sua recepção a vislumbrar significados com certa autonomia. Aqui na revista, as vias literárias não se cansam de servirem de ilustração dessas constatações que atuam à semelhança de um encontro não marcado com o outro. Abrir-se para a leitura de textos como os de Helena Terra e Gabriele Rosa, por exemplo, é desvelar o quiçá insondável território de nossas humanidades, transitando por paisagens que divisam ficção e realidade. Sob o manto da poesia, agora temos a companhia dos versos de Bruno Oggione, Jorge Elias Neto, Vitória Terra, Bianca Grassi e Duda Las Casas. Nosso sabatinado da vez é o dramaturgo e diretor Paulo Atto, que nos oferta um recorte valioso sobre a sua trajetória com o teatro. É Sandro Ornellas quem aprecia e nos apresenta “Assim na terra como no selfie”, mais novo livro do poeta e performer Alex Simões. Na sua estrada de mergulhos musicais, Larissa Mendes visita “De Lá Até Aqui”, mais recente disco do cantor e compositor Silva, que celebra 10 anos de carreira. Com suas cirúrgicas escolhas cinéfilas, Guilherme Preger analisa o filme sueco-polonês “Sweat”, obra que debate a controvertida exposição da subjetividade no universo digital. Por seu curso, Gustavo Rios empreende leituras em torno de “Quando a luz do sol desaparecer nada vai se alterar no universo”, livro de crônicas de João Mendonça. Retomando nosso caderno Jogo de Cena, Zuca Sardan e Floriano Martins nos ofertam um texto do seu assim batizado “teatro automático”. Eivados de sentidos de liberdade, todos os recantos da nossa atual edição foram contemplados com as fotografias de Fátima Soll, artista que sugere percursos especiais em face da simbologia do corpo. Sejam todos muito bem-vindos à nossa 146ª Leva!

Os Leveiros

 

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