Janela Poética IV

Bárbara Bittencourt

 

Pintura: Canato

 

a contragosto
.do relógio
cujos ponteiros
só apontam
em uma direção
decidi andar
pra
trás
e encarei espelhos
me olhando
…..de frente

o caminho
é este
……aponto

 

 

 

 

***

 

 

 

 

o verso
às vezes
surge do avesso
querendo ser
palavra contra
meus pensamentos

n…só quem entende
n…meus problemas
n…são os próprios
.n..poemas inteiros

 

 

 

 

***

 

 

 

 

meu poema favorito
tem no título
o mês do seu aniversário
tem na capa do livro
de capa dura
o teu rosto
que nem está ali
de fato
mas tem

tenho estado comigo
tenho pensado muito
tenho dormido mal
tenho nós num porta retrato
…………….empoeirado

 

 

 

 

***

 

 

 

 

tudo dói
inclusive teu nome
..que salga
..minha boca
…..seca
.e meus lábios
ásperos
de tanto
repetir vogais

 

 

 

 

***

 

 

 

 

vejo um caminho
de formigas
pelos vãos
da casa
carregam um pouco
de mim
em suas costas rasas
quantas voltas
até levarem
todo o meu eu ?

 

 

 

 

***

 

 

 

 

é fina
a linha do teu traço
que marca
a tua mandíbula
e o contorno
das gengivas
como o rejunte
que cola
e sustenta
nosso quarto

 

 

 

 

***

 

 

 

 

nas extremidades
dos meus dias
lembro de nós
..de
………..ponta
…….a
ponta

 

 

Bárbara é capixaba, mas mora no Rio de Janeiro. Médica Veterinária de formação, escreve contos e poesia na tentativa de fugir do caos cotidiano.

 

 

 

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