Janela Poética V

Paulo Silva

 

Foto: Yuri Bittar

 

Clau

 

Despeje no beiral do mundo suas crises
Não ouça do espelho nada, pois nada diz
Sobre seu coração e seus olhos ou sua alma
Então, se os quer preencher
Se dê ao luxo de viagens inesperadas
Tome sua nave e explore o que há atrás
Das montanhas que se tornaram sua dor
Para que veja
Que viver é pleno, só requer um tanto de vontade
A SUA vontade
Então, nem a chuva e nem os deuses lhe privarão
De chegar até onde
Os sonhos residem.

 

 

 

***

 

 

 

Doce e triste sonata

 

Passo os dedos levemente
Sobre as sérias cicatrizes em meu peito,
É como se um acorde fosse feito
Em músicas pessoais
Ouvidas dentro da caixa torácica
Em ritmo e compasso
Com o coração.

Na canção há seu nome,
Nela, a cada verso,
Eu a chamo e choro
Sem que termine ainda
A nossa estória.

 

 

 

***

 

 

 

Na esquina do meu coração

 

Na esquina no meu coração
E nas bordas do meu cérebro
Nasce uma flor sem perfume
Lúgubre e espinhosa
Suas pétalas somem em teu perigo.

Meu coração enraizado na flor
Trancado entre cerca-viva farpada
Machucando toda vez que bate
Sangrando manchando a Rosa
Em um vermelho tão brilhante
Que se ascende ao céu nublado.

Guiando as estrelas para que vejam
Minha tragédia mais bela em vida
Que é nascer quando se nasce o sol
E me recolher quando acaba o dia.

Eu estava vencido como um preso
Que se entregou sem crime ainda
E na esquina do meu coração e nas bordas do meu cérebro
Um milagre sem nome acontece
Eu não o vejo, mas o sinto
Então
Ainda na dor
Ainda na tragédia
Vivendo de risos ainda
Eu quero o ritmo e me vou
Cantando na rua
Em meu Carnaval particular
Uma triste marcha
Que se converte em um hino,
Um hino para a alegria!

 

 

 

***

 

 

 

Carta para a minha morte

 

Seja breve e audaz!
Feroz, sem frivolidades;
Selvagem, poética e autêntica
Impassível
Irreversível
Constante
E mordaz:
Traga mais e dê menos:
Saudades. Choro. Piedade.
Sentido.
Para
A carta
A poesia
Minha vida
E mais nada.

 

 

 

***

 

 

 

Liese

 

Grave meu nome no vitral
E
..Na
….Pedra
Para que o tempo
Jamais
…..Me leve
……De teu umbral.

E em fonte entregue minha nascente
Em praça pública
Teu coração
Para banhar o jovem, rir o infante;
Ser fluente para tua gente.

Me forme belo
Tua Palavra
Quente e áspera trova
Para transpor minhas vivências
Como cotidianas coisas novas.

No mais
Peço calma pra alma
Flerte aos olhos
Paixão ao tocar
Pois em ti,
Pequena Liese,
O belo em jardim
Florescerá
E de virtude erguerá
Morada
Para que Paraíso
Eu a chame.

Para teu nome
……………Descobrir
Para teu nome
………Navegar.

 

Me chamo Paulo Silva, 26 anos, nascido e criado em São Paulo-SP. Apaixonado por poesia, crônicas e peças teatrais busco, através de estudos, um maior entendimento sobre essa arte tão bela que é a escrita.

 

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